Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Robinho, Welliton e a oportunidade de provar que mulheres importam
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Ontem, o Ministério da Justiça deu início aos trâmites para analisar se aceitará o pedido da justiça italiana para que Robinho (que por ora anda curtindo as praias de Santos) cumpra sua pena por aqui. Como não extraditamos nossos cidadãos, nem os estupradores, a única opção para que ele pague por seu crime é uma ação praticamente inédita.
Somente uma vez o Brasil executou pena imposta por outro país: em 2021, no caso de Fernando de Almeida Oliveira, condenado por roubo, rapto e violação de burla informática em Portugal.
Seria uma oportunidade única de enviar a mensagem de que mulheres importam. E essa mensagem é fundamental para que a gente não desista da luta. Porque cansa. Cansa muito. Porque mata.
Hoje mesmo, o UOL publicou a notícia de que o ex-atacante Welliton está sendo acusado de espancar, ameaçar e perseguir durante seis anos a sua ex-mulher, Rafaela Carvalho. Com passagens por Goiás, São Paulo, Grêmio, Rússia e Emirados Árabes, ele agora responde a menos pelos quatro ações que tratam de ameaça, agressões físicas e psicológicas, além de perseguição (ele chegou a fazer 70 ligações consecutivas, esconder documentos e dinheiro quando moravam fora).
Foram diversas denúncias ao Ministério Público e boletins de ocorrência, detalhando socos, chutes, tapas, empurrões e tentativas de estrangulamento. Enquanto o marido seguia atuando profissionalmente e vivendo normalmente, Rafaela sofria de depressão e perdia 16 kg.
Em uma das gravações, Welliton ironiza o fato de não ter sido preso e diz a Rafaela: "Homem bate na mulher se ela aprontar com ele".
Isso é reflexo de séculos de opressão e normalização da violência contra nós. Das menores às maiores, das psicológicas às físicas, das invisíveis às mais óbvias.
Punir, de verdade, os Robinhos e Wellitons e tantos outros que cruzam nossas vidas é a única maneira de provar que alguém se importa, de verdade. De que não pode. Porque, de verdade, seguimos com a sensação diária de que o certo mesmo é ser homem.
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