Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Afinal, qual é o problema do Flamengo?
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Já deixo aqui a ressalva de que, ao contrário de algumas pessoas, não penso ter respostas e soluções simples para problemas complexos. Nem considero a minha opinião a verdade absoluta.
Como me pagam para dar opinião, aí vai: o problema central do Flamengo é a soberba.
Ah, a soberba do diretor de futebol que entoou, meses antes de um confronto que nem estava garantido, o famoso "Real Madrid pode esperar"? Também. Mas isso, perto do resto, parece bobagem.
Perto da soberba de trabalhar como se talento bastasse. Férias longas, preparo curto e mudanças às vésperas de três decisões.
Supercopa e Recopa Sul-Americana, com todo o respeito, são jogos comemorativos. O Mundial, não. Não chega a ser um campeonato e o europeus não dão bola, mas os brasileiros dão, e muita. Tratava-se das partidas mais importantes do ano — uma vez que os outros títulos ainda nem começaram a ser disputados.
O que o clube fez? Deu folga aos jogadores até o final de dezembro. Resultado: uma equipe claramente sofrendo com o preparo físico. Lenta.
Lenta e perdida em campo.
Graças à soberba de acreditar que trocar de treinador traria efeito imediato. Sei que as pessoas mais próximas ao Flamengo seguem dizendo que "precisava mudar". Precisava tanto que justificava começar um novo trabalho, uma aposta, às vésperas de uma sequência decisiva?
E se precisava mesmo, o que tornava Vítor Pereira digno de tamanho desafio? O início dele, aliás, é pior que o de Paulo Sousa.
Soberba de colocar Gabigol, de novo, para bater o último pênalti. Se você tem na equipe um cara que não perde pênalti, bota ele para abrir a sequência.
Claro que Arrascaeta não era uma má escolha. Mas o batedor de pênalti é o artilheiro da camisa 10. Sem falar que o uruguaio vinha de uma das suas piores partidas pelo Rubro-negro. Acertou parcos 63% dos passes, o que na escala Arrascaeta de futebol é uma tragédia.
E não foi só ele. Gabigol, Pedro, Everton Ribeiro, todos abaixo da crítica e de seu potencial. Coincidência. Difícil.
Você pode ter os melhores ingredientes do mundo. Se errar na escolha do chef, no preparo, nas combinações, na quantidade, no tempo de cozimento, na hora de servir, o resultado vai ficar uma droga. Não importa o tamanho da audiência. A boa vontade dos críticos. Não importa o quanto você se ache e tenha sido, um dia, maravilhoso. Vai ficar uma droga.
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