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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Água Santa, o fracasso de uns grandes e o que fazer com os estaduais

Jogadores do Água Santa comemoram classificação à final do Paulistão - Diogo Reis/AGIF
Jogadores do Água Santa comemoram classificação à final do Paulistão Imagem: Diogo Reis/AGIF

21/03/2023 17h06

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A classificação do Água Santa para as finais do Paulistão traz consigo várias histórias.

A história (clichê) de superação. De um time que, em doze anos, saiu da várzea para a decisão do estadual mais rico do país. Com apenas quatro participações na primeira divisão paulista, já alcançou o que diversos clubes tentam há décadas, sem sucesso.

A história (clichê) de Davi contra Golias. O modesto clube de Diadema, com folha salarial de R$ 800 mil e estádio sem iluminação, enfrentando o multimilionário e multicampeão continental Palmeiras.

A história (nada clichê) do treinador que conseguiu, com parcos recursos, estruturar a segunda defesa menos vazada do campeonato. Dos dez gols sofridos, sete aconteceram nas três primeiras rodadas. De lá para cá, ficou dificílimo marcar no Netuno.

A história (clichê) do sonho de tantos jogadores: conseguir uma plataforma para brilhar e alçar altos voos. Mais da metade do elenco sairá do clube após as finais — só não sairão antes por conta de uma excepcionalidade no regulamento, prevista para preservar finalistas.

A história mais complexa (e antiga) de todas é o que fazer com os estaduais. Muito se reclama do quanto eles atrapalham os grandes, que apertam o calendário, que oferecem partidas de baixa qualidade, que os maiores não se importam etc.

Esse argumento vai ficando difícil de sustentar na medida em que alguns grandes não estão sequer chegando à fase final. Mesmo os que priorizam os torneios, atuando com titulares.

O xis da questão, porém, é a sobrevivência dos menores. Finalista do Paulistão, o Água Santa não tem divisão. Decidiu suspender as atividades por oito meses, para reformar seu estádio, entre outras coisas. Metade do elenco vai embora e a outra metade não tem o que disputar.

Apagam-se as luzes dos estaduais, acendem-se as do desemprego.

Assim que a bola rolar no Brasileirão, e Copa do Brasil e Libertadores avançarem, quem vai se importar com o Água Santa e seus pares?

Servem para fornecer talento e algum entretenimento. Depois, servem apenas ao esquecimento.

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