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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Programa "novo" só com homens brancos e narrador elogiado por erro: é 2023?

Time do novo "Cartão Verde" terá Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro, Vladir Lemos, Rivellino e Oscar Ulisses - Nadja Kouchi/TV Cultura
Time do novo "Cartão Verde" terá Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro, Vladir Lemos, Rivellino e Oscar Ulisses Imagem: Nadja Kouchi/TV Cultura

03/04/2023 11h51

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Hoje eu tinha decidido escrever sobre algumas particularidades da cobertura da imprensa acerca dos treinadores que por aqui atuam. Da maneira como falam de Vítor Pereira, Fernando Diniz e Abel Ferreira.

Mas vou precisar tratar de um assunto que faz tantos por aí virarem os olhinhos: falta de diversidade.

Hoje, a TV Cultura (que é pública, financiada com o suado dinheirinho dos contribuintes do estado de São Paulo) anunciou o retorno do histórico Cartão Verde. O programa semanal voltará a debater os principais acontecimentos do futebol, toda segunda-feira.

Dos cinco participantes você quer tentar adivinhar quantos são homens brancos? Isso mesmo: todos. Assim como acontece, por vezes, em programas aqui do UOL.

Ontem, Cléber Machado estreou na Record, depois de 35 anos na Rede Globo. Está sendo elogiado até por errar nome de jogador. O narrador é, sem dúvida, um dos maiores nomes da comunicação esportiva moderna. Um titã. Competentíssimo.

Agora imaginem só uma narradora que chamasse o atleta Júnior Todynho de Jojo Todynho, durante uma transmissão importante como as finais do Paulistão? Ela seria ridicularizada pelo resto da carreira.

São inúmeros os programas esportivos com elencos 100% masculinos. E boa parte deles só com homens brancos.

Minha crítica não é a esses profissionais individualmente. Só erra quem se coloca no mundo. É humano e inevitável.

O problema é, em pleno 2023, seguirem normalizando a ausência de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, PCDs.

É nem sequer dar a esse grupo a chance de errar. Ou garantir que sejam uma minoria tão ínfima que as poucas pessoas que cheguem não possam se dar ao luxo de deslizar.

É dar a sensação de que não pertencemos de verdade. De que temos sorte de ser a exceção que conseguiu, sabe-se lá como, infiltrar-se no Clube do Bolinha Branco.

Entendo que muitos estejam a anos-luz de se importar com diversidade. Que uns tantos prefiram morrer agarrados aos seus privilégios.

O que ainda me surpreende é ninguém achar que, no mínimo, esse tipo de coisa vai pegar mal. Alguém para dizer: gente, não é melhor ter pelo menos uma mulher? Um negro? Sei lá, só para não encherem nosso saco?

Não tem. Nem isso.

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