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Como foi viver o começo da Copa do Mundo feminina nos Estados Unidos

Passei os últimos cinco dias nos Estados Unidos, a passeio. Pensei que seria uma experiência antropológica voltar para cá depois de uns anos longe, justamente durante a Copa do Mundo feminina. Sabe o que mudou? Nada. Sabe a comoção que encontrei pelo Mundial? Nenhuma.

Vivemos um pouco dessa ilusão de que o futebol feminino é gigante nos Estados Unidos. Bom, ele é melhor que o dos homens e conta com uma estrutura mais avançada do que a nossa. Mas o futebol, o nosso, o tal do soccer, bom, esse está a anos-luz do futebol deles, o football (que, ironicamente, é jogado com as mãos).

É curioso assistir a um canal como a ESPN — que não detém os direitos da Copa aqui — e ver a cobertura dominada pelos assuntos da NFL. Especialmente curioso porque a temporada nem sequer começou.

O tempo é de beisebol e mesmo o esporte do taco fica em segundo plano quando há o que debater sobre a bola oval. Desde que cheguei, quinta passada, falou-se das americanas na Copa, da estreia de Messi em Miami e da possível saída de Mbappé do PSG.

Mas sempre como uma pausa quase obrigatória, breve, antes de voltar ao esporte da massa. A questão aqui, porém e felizmente, não tem a ver com as mulheres. Pouco importa se é feminino ou masculino — na verdade, o feminino pelo menos tem chance de ser campeão.

O problema é a modalidade mesmo. Esse negócio de ficar chutando uma bola redonda que poucas vezes marca pontos.

Estava em um bar com telões enormes durante a estreia da seleção deles, contra o Vietnã. Só ouvi o barulho dos fregueses quando Alex Morgan perdeu o pênalti, ainda no primeiro tempo. Na entrada da loja da Nike, vi um display grande com destaque para Megan Rapinoe e lindas peças da linha oficial da seleção, porque capitalismo eles sabem fazer com esmero.

No mais, talvez nem se encantem com o terceiro gol brasileiro, concluído em gol pela Bia Zaneratto depois da assistência de calcanhar da Ary Borges, na sequência do que apenas pode ser definido como "the beautiful game". Talvez fiquem embasbacados por um breve instante e logo voltem a sentir saudade de touchdowns.

Acho que eles não têm salvação.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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