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Luxemburgo, possesso, xingou os rivais: cadê a coerência na crítica?

Primeiro, é importante registrar o impressionante domínio recente do Corinthians sobre o São Paulo, especialmente na sua casa. O Tricolor nunca venceu em Itaquera.

Ontem, não deu outra: Timão melhor em campo e mais uma vitória para a conta.

O que mais me chamou a atenção — uma vez que o resultado não surpreendeu — foi a treta que se seguiu ao gol de Luciano, aos 9 minutos do segundo tempo.

O atacante correu para a bandeirinha de escanteio e comemorou em frente à torcida do Corinthians — única torcida presente no estádio, diga-se. E tome chuva de copinhos, latas, isqueiros e sapato.

Até aí, o meu problema é com quem arremessa coisas, sem se importar com a integridade física dos demais ou com a possibilidade de punição ao próprio clube. Até aí também nenhuma surpresa, quando se tratava do mesmo lugar em que ouvimos cantos homofóbicos entoados com mais força depois de pedidos para que parassem.

Minha questão maior é com a reação à reação de Vanderlei Luxemburgo. Ele ficou possesso com Luciano e se dirigiu ao adversário: "Pra que isso, porr...? Pra que isso, caralh...?" Caio Paulista defendeu o colega e ouviu de um treinador enfurecido, sendo contido pela arbitragem: "Vai tomar no c?, rapá! Vai você! A tua hora vai chegar."

Vocês lembram da repercussão da encarada de Abel Ferreira em Calleri, no Morumbi? Pois é, eu não vi nada parecido de ontem para hoje. E não defendo a necessidade de tamanha comoção, pois confesso não estar ainda convencida de que palavrões serão (ou precisam ser) extirpados do futebol — embora seja obrigada a admitir um incômodo com a ameaça "a tua hora vai chegar".

O que defendo, em tudo na vida, é o mínimo de coerência.

Não pode chutar microfone? Então ninguém pode. Não pode xingar ou encarar rival? Então ninguém pode. Não pode criticar jornalista em coletiva de imprensa? Então ninguém pode. E é claro que pode, afinal não tem nada que nós, jornalistas, façamos mais do que criticar os outros. Nem sempre com coerência.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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