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Llores por ti Argentina: o feito histórico do Inter e seu significado

O que o Internacional fez no Beira-Rio, ontem, será contado de geração colorada para geração colorada. Sobreviverá décadas. Quem esteve lá dirá, com orgulho: eu estava lá! Eu vi!

Depois de segurar na unha (de Rochet) a derrota por apenas 2 a 1 no absurdo Monumental de Núñez, o time gaúcho precisava vencer o temido River Plate em casa. O feito em si, uma vitória simples para levar aos pênaltis, não era dos mais descomunais.

Mas o que aconteceu em Porto Alegre o foi.

Aos 24 do segundo tempo, Mercado inaugurou o placar e, aos 33, Alan Patrick abriu 2 a 0, um número belíssimo que garantiria a classificação direta às quartas de final. O sonho estava em curso.

Até que, aos 44, Robert Rojas, que entrara 12 minutos antes, igualou o agregado e frustrou os mais de 50 mil torcedores e torcedoras presentes. Era o River sendo o River.

Ter a vitória na mão e sofrer o gol que leva o certame aos penais é sempre um golpe. Ainda que a vitória simples já fosse uma conquista. Era a reversão de expectativa.

Foram 12 cobranças na rede. Doze. Nenhuma defendida, nenhuma para fora, nenhuma na trave. Só caixa.

Apenas no sétimo pênalti, já nos intercalados, um escorregão de Solari invalidou o gol argentino e colocou o Inter em vantagem. Se existe a Deusa da bola, ela corrigiu a injustiça que seria uma eliminação causada pelo péssimo estado do gramado. De Pena chutou na trave e a disputa seguiu para a oitava e depois a nona cobrança de cada lado. Todas convertidas.

Em dois momentos, o Colorado poderia ter perdido a cabeça. O brio. O ânimo. A frieza necessária para vencer o que só pode ser a maior e melhor tortura do esporte mundial: a disputa por pênaltis.

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E foram vinte deles. Vinte pênaltis até que Rojas, aquele que entrara para marcar o gol fatídico aos 44, mandou um tirambaço no travessão e deixou a consagração nos pés daquele que havia salvado o primeiro jogo com as mãos.

Sergio Rochet, do alto de seu 1,90m, o goleiro de seleção contratado para proteger a meta colorada, correu meio desengonçado e deslocou Armani (outro goleiro de seleção) para fazer o gol da classificação histórica do Internacional.

Eram apenas as oitavas. Mas era a vida na Libertadores. E o Clube do Povo sobreviveu.

O que isso significa para os adversários? A boa notícia é que um dos perenes favoritos ao título, dono do mais perigoso caldeirão fora da altitude, foi para a casa e não assustará mais ninguém do continente neste ano.

A má notícia é que o Inter de Coudet, Valencia e Rochet segue adiante. No seu caminho, o Bolívar, bicho-papão dos 3.600 metros acima do nível do mar, que teve a sua noite histórica em Curitiba, eliminando o Athletico depois de converter todas as suas cinco cobranças.

No caminho deles, o Fluminense e possivelmente o Flamengo, que precisa apenas de um empate contra o Olimpia amanhã, no Paraguai. Ah, um Fla x Flu nas quartas da Liberta. Está aí um duelo que também entraria para a enciclopédia do futebol — se enciclopédias ainda existissem, né, minha senhora.

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Hoje, Palmeiras e Atlético-MG definem a sua sobrevida, na chave que pode ver o outro grande argentino eliminado precocemente.

Adiós, River. Adiós, Argentinos Juniors. E, quiçá, adiós Boca. Llores por ti, Argentina.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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