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Caso Antony: nos ignoram e ainda esperam que nos contentemos com pouco

Como se não bastasse precisarmos assistir à convocação de Antony diante das graves denúncias de violência doméstica e à demora de quase um dia inteiro para vê-lo desconvocado, ainda parecem esperar que nos contentemos com o mínimo.

Ah, mas foi cortado, vai. Ah, mas a decisão saiu no mesmo dia. Ah, mas Diniz e a CBF deram exemplo.

Exemplo do quê?

Ignoraram as denúncias ao convocá-lo. Diante das mensagens e fotos assustadoras divulgadas na manhã de ontem (depois de louvável trabalho jornalístico), mantiveram-se calados até a noite. Só então soltaram uma nota tão insípida quanto desanimadora:

"Em função dos fatos que vieram a público nesta segunda-feira (04/09), envolvendo o atacante Antony, do Manchester United, e que precisam ser apurados, e a fim de preservar a suposta vítima, o jogador, a Seleção Brasileira e a CBF, a entidade informa que o atleta está desconvocado da Seleção Brasileira.

Para o seu lugar, o técnico Fernando Diniz chamou Gabriel Jesus, que estava pré-selecionado em uma lista de 36 jogadores, enviada à FIFA."

Não há um posicionamento incisivo rechaçando a violência contra a mulher. Não há um mea culpa por decidir cortar um jogador investigado por envolvimento com apostas, e manter um jogador investigado por agredir e aterrorizar a namorada. Não há nada além do mínimo, afinal só faltava decidirem mantê-lo no grupo.

Há uma decisão tardia e inevitável, que reafirma as prioridades dos homens que habitam e comandam o mundo do futebol.

Não, não estou satisfeita só porque as coisas são menos piores do que antes. Avançamos pouco e não reconhecer isso é a receita perfeita para manter o status quo — que está uma droga, caso não tenham notado.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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