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Lula sacrifica Moser, sua palavra e os que acreditaram em suas intenções

Quanto vale a palavra de um político?

Não tenho qualquer pretensão de debater as entranhas da política aqui em Brasília, os custos envolvidos e os sacrifícios necessários para encaminhar prioridades de governo.

Ou qualquer ilusão de que se trata de tarefa simples manejar uma democracia construída desde sempre sobre bases fragilíssimas.

Mas é possível debater a palavra de um político. Lula se comprometeu com o esporte como ferramenta de inclusão social. Lula se comprometeu com a diversidade. E Lula demitiu Ana Moser na primeira ofensiva do Centrão.

O presidente sabe que o interesse de André Fufuca e companhia na pasta nada tem a ver com o projetos ligados a saúde e educação. Desde que os rumores começaram, só ouvimos falar de apostas, loterias, cassinos. Como engordar um ministério magrinho antes de entregá-lo ao esfomeado PP.

Lula não demitiu Moser por incompetência, o que seria absoluta prerrogativa sua. Lula rifou Moser (e inventou um novo ministério para acomodar também o Republicanos) em troca de votos no Congresso. Simples assim.

Talvez seja inevitável operar assim no Brasil. Talvez seja um mal menor diante de não contar com os votos da turma do Lira, e perder a chance de passar medidas vitais para a economia e a melhoria de vida da população. Talvez mesmo. Porque nem isso é garantido, afinal promessa de voto não é voto.

O que é fato: em janeiro, havia 11 mulheres em 37 ministérios. Em setembro, há nove em 38. Para a primeira vaga aberta no Supremo, Lula indicou um homem branco. Os principais nomes cotados para preencher a próxima, de Rosa Weber, são todos homens.

Entendo que não há política sem sacrifício. E esse país nos lembra diariamente que o sacrifício não é o mesmo para todos.

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Dessa vez as oferendas foram o esporte, uma ministra isenta, toda a sua equipe, quem acredita no esporte como instrumento de inclusão e que a política deveria servir ao cidadão — e não ao Centrão.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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