Leila Pereira usa o machismo como escudo e atrapalha causa feminista
Diante de críticas e protestos, a presidente do Palmeiras se disse vítima de machismo. Alguns colegas de imprensa também levantaram hoje essa importante bandeira.
Vou mexer nesse vespeiro.
Leila é vítima de misoginia? Sim. É horrível. Todas no universo do futebol sofremos na carne os efeitos desse ódio. (Abraço pro pessoal que gosta de me mandar lavar louça. A pia tá cheia.)
Mas dizer que esse é o principal motivo por trás das críticas é perigoso até com a pauta pela qual tanto lutamos.
Não queremos nos isentar de críticas. Não queremos nos esconder atrás da questão de gênero. Não queremos o status de café-com-leite. Queremos, sim, o direito de errar. Queremos ser muitas para discordar, inclusive, umas das outras.
É claro que diversas cobranças trazem elementos misóginos e isso precisa ser combatido.
Assim como existem críticas sérias e embasadas, que não podem ser ignoradas porque a presidente é mulher.
A falta de transparência, o conflito de interesses, o desprezo por torcedores mais pobres, a condução da política no clube, com benefícios para aliados e retaliações para opositores. Além da maneira como Leila fala do clube, como se fosse maior do que o Palmeiras, que nada seria ou será sem ela.
Ademais, a presidente nunca abraçou a pauta atrás da qual ela agora se esconde. Fez menos do que poderia pelo futebol feminino alviverde. Não usou seu capital para aumentar significativamente o número de conselheiras. Não carrega a bandeira que algumas de nós queremos usar para defendê-la.
O feminismo, que nada mais é do que a busca pela equidade de direitos para homens e mulheres, não é um botão que a gente liga e desliga quando convém.
O feminismo não é escudo. É importante levar o tema — e a torcida — a sério.
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