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Deixou chegar x vai entregar: reta final expõe a (in)segurança das torcidas

O segundo turno do Brasileirão está escancarando os diferentes ethos das torcidas. Ethos: conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, as características de uma determinada coletividade.

Ou seja, como alguns confiam mesmo nas piores horas e outros se desesperam ainda que no auge. Uma coisa meio "estamos atrás, mas somos melhores e venceremos" versus "a bonança só pode ser prenúncio da tempestade".

Postei no meu Instagram um vídeo de Stepan Nercessian, uns meses atrás, apavorado com a vantagem de 13 pontos do Botafogo. Por ser botafoguense. "Agora é que eu tô com medo. Agora que todo mundo começou a achar que já é campeão. Agora é que entra a síndrome do Botafogo. Não quero nem pensar! Não quero nem pensar!" Já são mais de um 1,6 milhão de visualizações de pessoas admirando a "lucidez" do ator.

A cara leitora ou leitor consegue imaginar um torcedor do Flamengo com esse discurso? Ou do São Paulo?

A seis pontos do topo, meus amigos flamenguistas diziam: deixaram chegar, agora o Mengão vem aí. O Palmeiras tem medo do Mengão! O Mengão será campeão mesmo com todos contra a gente! O Botafogo não vai aguentar! Tem aquela lei máxima do futebol brasileiro: Flamengo, deixou chegar, ferrou — F=DxC/F. (O amigo não disse ferrou.)

Nesta antepenúltima rodada do Brasileiro, Palmeiras e Flamengo enfrentam times mineiros. O Rubro-negro pega o Galo, que ainda briga pelo título e faz a melhor campanha do segundo turno (em que venceu Botafogo, Palmeiras, Bragantino e Grêmio). O Alviverde enfrenta o América-MG, que ostenta quatro vitórias no campeonato inteiro e um saldo negativo de 35 gols.

Que mensagens eu recebo dos amigos palmeirenses? Sem Gomez, Mayke, Abel e João Martins não vai ser nada fácil. Tenso demais! Sobrevivemos no sentido que só dependemos de nós mesmos. E como bom psicanalista você sabe que esse é o problema. O maior risco agora é o Coelho: time desfalcado, mala branca pesada. Jogo perigoso. Tô adoecendo, acho que vou emagrecer uns 3kg nessa semana.

Tem gente nervosa e tranquila dos dois lados? Certamente. Mas há uma diferença fundamental na maneira como cada clube lida com seus dias de luta e de glória.

O que torna o futebol ainda mais suculento. E essa reta final de Brasileiro, completamente insalubre.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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