O que o Botafogo faz em 2023 precisa virar verbo
Muito já se escreveu, falou, debateu sobre o que o Botafogo fez no primeiro turno, com incríveis 82,5% de aproveitamento. Muito mais se proferiu sobre o que aconteceu depois: um segundo turno que só não é pior que os de Goiás e América-MG.
Nos últimos nove jogos não venceu nenhum. Esteve à frente do placar em seis deles. Perdeu 9 pontos em gols sofridos depois dos 40 do segundo tempo.
Ontem, abriu o placar contra o Coritiba aos 52 do segundo tempo, de pênalti. Vinte segundos depois do reinício da partida, tomou o empate. Aos 54 minutos. De um time rebaixado há semanas.
Se havia um arcabouço emocional, ele derreteu, murchou, desmanchou, expirou, junto com a liderança do campeonato. Chegou a ter 21 pontos de vantagem sobre o Atlético-MG. A duas rodadas do fim, só está à frente do Galo pelo saldo de gols.
O declínio, o surto coletivo, o sofrimento psicológico, os acontecimentos sobrenaturais serão contados por décadas, de geração a geração. Alguns não acreditarão. Acharão exagero. História de pescador.
O efeito borboleta de Cristiano Ronaldo que levou à saída de Luís Castro, o apagão literal contra o Athletico-PR, o apagão metafórico dos 3 a 0 que viraram 3 a 4 contra o Palmeiras, o outro 3 a 4, contra o Grêmio, com hat-trick de Suárez (que só jogou porque o show do RBD levou a partida para São Januário), os gols sofridos nos minutos finais contra Bragantino, Santos e, agora, Coritiba.
Não se explica. Mas é preciso nomear.
Botafogar: levar conquista que parece certa a minguar de maneira indizível, por incompetência própria e ingerência de fatores externos extraordinários. Lançar chamas sobre o sucesso. Definhar. Mirrar. Esvanecer. Exemplo de uso: Xiiii, fulano botafogou aquela promoção no trabalho. Fulana botafogou o projeto da firma. Caramba, botafoguei o churrasco.
Nomear para entender. Nomear e tratar. Porque isso aí é pra acabar com a saúde mental de qualquer um.
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