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Por que é difícil acreditar na versão de Marcelinho Carioca

Não pude deixar de me perguntar como teria sido a reação ao sequestro de Marcelinho Carioca com outro personagem no centro da história. E se fosse Kaká? Ou Caio Ribeiro? Analisaríamos os fatos mais friamente, sem aquela sensação de "hmmmm, aí tem coisa"?

O famoso "quem tem fama deita na cama" pode ser cruel e injusto. Mesmo envolvendo um gracioso lençol de ursinho.

Quem viveu o futebol nos anos 1990-2000, especialmente em São Paulo, guarda muitas memórias de Marcelinho Carioca. Poucas boas, se a pessoa não for corintiana.

Talvez se recorde de votações promovidas por veículos como a revista Placar, elegendo os jogadores "mais odiados" do Brasil. Em 2000, Marcelinho levou fácil no voto popular (43,1%, contra 18% do segundo colocado Paulo Nunes) e foi vice entre os próprios atletas (Edmundo recebeu 29 votos dos colegas e Marcelinho, 27).

Ele era o Bola de Ouro da época, detestado portanto também pelo seu sucesso. Pela sua habilidade, por suas declarações, pelas ações dentro de campo e fora dele.

Anos depois, já aposentado, se meteu na política e em mais controvérsia.

Não foi absoluta surpresa, então, o total frenesi da internet com a história do seu sequestro. O Fluminense estreava em mundiais e o assunto era Marcelinho Carioca.

Memes, figurinhas e até fundo virtual para reuniões personalizado com o lençol do vídeo gravado no cativeiro rapidamente tomaram conta das redes. Inevitável.

Outro fato curioso nisso tudo é que a Justiça tenta há dois anos citar Marcelinho como réu em ação envolvendo uma dívida de hospital, sem conseguir encontrar o ex-atleta e ex-secretário municipal de esporte e lazer de Itaquaquecetuba.

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Mas, espera, estamos fazendo piada com sequestro? Com violência e achaque? O crime se tornou secundário à piada?

O roteiro sem dúvida contribuiu com ingredientes suculentos: Tardezinha com Thiaguinho no estádio do Corinthians, sumiço, Mercedes abandonada, vídeo esdrúxulo sobre traição, olho roxo, pix parcelado, cativeiro estourado em poucas horas, versão oficial para deixar os telespectadores com a pulga atrás da orelha. Simplesmente irresistível.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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