Quem é o bobo que Ancelotti enganou
Era uma vez um bobo. Um bobo enganado na casca do ovo.
(Tenho passado os dias das férias escolares brincando muito com meu filho de 4 anos, então perdoem as referências infantis.)
No conto de Ancelotti, enfim, acreditou quem quis. Como quem acredita em Papai Noel: sabendo que aquilo ali não tem como ser verdade, mas que bom seria se fosse.
Neste romance unilateral, não houve do outro lado manifestações públicas de afeto. Falas esperançosas. Declarações de amor. Bilhetes por debaixo da mesa. Piscadelas.
Houve frieza com uma pitada de desdém. E o objeto do desejo renovando seus votos com o príncipe atual até 2026. No duelo CBF versus Real Madrid, caos versus estabilidade, venceu o óbvio.
A Seleção segue sem um técnico fixo, integral, definitivo, um ano depois de encerrada a passagem de Tite.
Fernando Diniz fez o que foi possível, diante de sua capacidade e do desafio bizarro de comandar o clube campeão da Libertadores e a Amarelinha nas Eliminatórias, ao mesmo tempo (!).
Quem não fez o possível foi Ednaldo Rodrigues. Que perdeu não só o técnico de seus sonhos, como o comando da entidade para a qual o contrataria. Que bancou, sem estofo, um futuro que agora lhe escapa das mãos.
O bobo não é quem acreditou na vinda de Ancelotti. Este é o sonhador. O otimista. A criança que acredita em tudo que é bom. Aquele que não tem culpa do Fim infeliz.
O bobo é quem se enganou ao tentar enganar os outros. Que, no meio do caminho, perdeu o controle da narrativa e da própria história. O bobo que tentou ter tudo e acabou sem nada.
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