Zagallo e CBF: enquanto o Velho Lobo descansava, os novos se mancomunavam
A morte de Mário Jorge Lobo Zagallo, aos 92 anos, era em si uma notícia profundamente triste. O maior nome do futebol brasileiro ao lado de Pelé. Um homem que navegou o futebol por mais de sete décadas, conseguindo sair dele e da vida respeitado profissionalmente e querido como ser humano. Feito para poucos.
Saber que ele seria velado na CBF me trouxe uma pitada extra de melancolia. Claro, a CBF representava ali o Brasil, suas vitórias icônicas, seu mundiais, suas conquistas, a história construída com muito amor e luta.
Mas é impossível separar a camisa da instituição. A CBF representa, talvez desde sempre, algo de que não consigo ter orgulho.
Hoje, ela representa também o caos. A politicagem mais sórdida. A disputa por poder em seu estado mais bruto e desalmado.
No momento em que nos despedíamos de Zagallo, um presidente destronado e reconduzido sem respaldo movimentava-se para reparar o buraco deixado por ele mesmo. Pela delirante novela Ancelotti e seus desdobramentos. Por suas inimizades e inépcia.
Em situação temporária, Ednaldo Rodrigues tratou de tomar decisões definitivas. E atabalhoadas. Criou o fato Dorival Jr. sem falar com Fernando Diniz. Gerou a movimentação dos presidentes do São Paulo e da Federação Paulista, ignorando solenemente seus comentários.
Decidiu pagar a multa de 4,5 milhões de reais ao Tricolor e só então avisar o já aborrecido Fernando Diniz que ele estava demitido. Demitido do bizarro cargo que compartilhava com o Fluminense e que já não incluía a Copa América.
Criou notícias impossíveis de ignorar. Criou um problema enorme para o São Paulo, que virou incômodo para o Fortaleza, o Red Bull Bragantino e sabe-se lá mais quem. Criou uma série de cortinas de fumaça, que se apagam à medida que as próximas acendem.
Uma montanha-russa descarrilada e familiar, da qual eu adoraria saber descer.
Que Zagallo vá em paz, na certeza de não fazer parte deste lado do nosso futebol.
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