Ajuda de Neymar pai a Alves tem a ver com manutenção de poder dos homens
Eu queria me surpreender com a notícia da ajuda do pai de Neymar a Daniel Alves, mas o mundo não me permite.
Conforme o UOL reportou com exclusividade, Neymar da Silva Santos transferiu 150 mil euros à Justiça espanhola, referentes ao "chamado atenuante de reparação de dano causado", montante que pode reduzir a pena de Daniel, em caso de condenação. Ele segue preso em Barcelona, acusado de estupro.
Ademais, um dos mais antigos representantes jurídicos de Neymar pai foi apontado como procurador do lateral, destituindo a ex-mulher Dinorah Santana da gestão de seus bens — função que ela exercia há dez anos. Em agosto, Dinorah entrou com um processo pelo não pagamento de 13 milhões de reais em pensão alimentícia.
Enquanto isso, Disney Alves disse em seu Instagram que uma das advogadas do irmão estaria aplicando um golpe em Daniel. Segundo ele, Miraida Puente estaria mancomunada com Dinorah para manter o jogador preso.
Não esqueçamos também de que pessoas ligadas a Alves, incluindo sua mãe, há dias se utilizaram das redes sociais para difamar a mulher que o acusa de estupro.
Nada nessa história me espanta, infelizmente. Porque tudo nessa história tem a ver com a manutenção da posição de homens de poder — à custa, se necessário e sem muito pudor, das personagens femininas do enredo.
Ah, mas eles são parças e parça que é parça ajuda os parças. E quem ajuda as mulheres? As mães? As vítimas de estupro? As que são chamadas de interesseiras e que, assim qualificadas, perdem o direito ao respeito e até à segurança?
A resposta surpreende um total de zero mulheres.
O que importa é ajudar aqueles cuja história tanto se assemelha com a sua. É preservar um sistema que protege quem já tem muito e massacra quem só quer poder viver sem medo. Tão trágico quanto previsível. Assim como a ligação de Team Alves e Team Neymar.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.