Melo promete credibilidade e entrega 'suco de trapalhadas' no Corinthians
Augusto Melo assumiu a presidência alvinegra falando em credibilidade, com um discurso de quem parecia entender o tamanho do abacaxi que estava prestes a precisar descascar.
E o que ele fez em menos de um mês no cargo? Um suco de trapalhadas, sem uma gota de profissionalismo para adoçar a mistura.
Ao grande público, os problemas da administração Duilio ficavam visíveis dentro de campo e em algumas notícias relativas à situação financeira do clube. Um problema técnico e de crédito na praça.
Sem um(a) executivo(a) com experiência para dar suporte ao conselheiro Rubão no departamento de futebol, Melo conseguiu azedar a reputação do Corinthians também como operador no mercado. Em aspectos básicos, bem básicos.
Anunciaram Lucas Veríssimo sem contrato assinado. Tomaram o balão do atleta, seu empresário e o Benfica, e o zagueiro partiu para o Al-Duhail do Qatar, às vésperas da estreia no Paulistão.
Colocaram Matheus França/Matheuzinho para participar de um treino aberto na Fazendinha, vestindo a camisa alvinegra, sem acordo fechado. O Flamengo impôs exigências inaceitáveis, o contrato não saiu e o lateral voltará para a Gávea.
Embora já tenha firmado com o Talleres a transferência do argentino Rodrigo Garro, o Corinthians ainda não pagou os 4 milhões de dólares iniciais (o prazo previsto em contrato é 27 de janeiro) e, assim, o meia não pode ser inscrito no Paulistão. Rubão, o diretor de futebol, disse ontem que falta só a documentação: "A parte financeira já não cabe a mim. Não sei se foi pago ou se não foi pago". Como assim não sabe?
No que talvez seja o caso mais grave do ponto de vista de gestão, o Corinthians retirou a PixBet da camisa sem ter pago a multa rescisória. Melo havia dito que a VaideBet assumiria o valor, mas a empresa nega e agora o Timão vai arcar com esses 20 milhões — e com as consequências de ser o tipo de parceiro que muda de patrocinador sem encerrar a relação contratual com o anterior.
Sem falar nas conversas sobre Gabigol e outros arroubos de grandeza. Quem agora ouve falar em Pedro Raul, aguarda o desenrolar dessa história com os dois pés atrás e vinte milhões de pulgas atrás da orelha. Só acredito vendo (o contrato assinado e o dinheiro na conta).
Reputação é coisa séria. Demora para construir e custa pouco para desmontar. Mesmo quando se trata de um dos maiores clubes do Brasil.
Cautela e boleto em dia nunca fizeram mal a ninguém.
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