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'Empate heroico' traz riscos para Corinthians e Palmeiras

O Corinthians fez um jogo medonho ontem, em Barueri. Pelo menos até os dez minutos finais, enquanto tinha 11 em campo. Passou quase cem minutos sem acertar posicionamento, incapaz de parar as investidas palmeirenses e de ficar com a bola por mais do que alguns passes.

Não me lembro de ver um Corinthians tão sem rumo nos anos recentes, tão inofensivo. Aí, perdeu o goleiro e seu principal atacante, ficou com nove em campo, e arrancou um empate do maior rival, fora de casa, aos 55 do segundo tempo.

Heroico e improvável. Mas potencialmente perigoso.

Repito incessantemente que, para corrigir problemas, é preciso reconhecê-los. E o Timão tem muitos problemas. Desde Cássio que não vive sua melhor fase, passando por uma zaga ainda em formação, um meio campo que não cria nem contém e um ataque bastante criticado, apesar de raramente receber a bola.

O empate de ontem não pode ofuscar o tamanho do buraco, sob o risco de aumentar sua profundidade. A julgar pela fisionomia de António Oliveira, ele não se iludiu com o placar. Ao final, parecia expressar uma mistura de alívio com agonia. A torcida deve aproveitar a delícia do momento e dar crédito ao português, sem perder de vista o enorme desafio que ele tem pela frente.

Uma agonia e desafio diferentes de seu conterrâneo. Abel Ferreira deixou clara sua frustração com a principal falha do Palmeiras.

Weverton falhou, sim, bizarramente: qual era o sentido de evitar um escanteio àquela altura do campeonato, tirando a mão da bola? Mas a responsabilidade não pode recair sobre ele — no que faço até um mea culpa, pelo título da coluna de ontem.

O gol de Garro só foi tão importante por conta das inúmeras chances desperdiçadas lá na frente, algumas delas inclusive proporcionadas por lançamentos do próprio Weverton. O Alviverde teve diversas oportunidades de matar o jogo, antes e depois de o rival perder Cássio. Foram dez minutos com o zagueiro Gustavo Henrique no gol e cinco depois da saída de Yuri Alberto. Bastava segurar a bola e, por uma vez, acertá-la na meta.

Diante de um adversário desorganizado, cujo treinador chegou há uma semana, o Palmeiras não conseguiu transformar domínio em resultado.

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O perigo é querer transformar esse resultado em tragédia. Além das ausências de Raphael Veiga e Gustavo Gómez (que deve ficar fora por algumas semanas, com uma fratura no dedo do pé), os gols do Corinthians saíram depois de Abel já ter tirado López, Zé Rafael, Ríos e Endrick. O time continua dependendo só de si para assumir o primeiro lugar na classificação geral do Paulista — que, convenhamos, nem importa lá essas coisas. O tom das críticas precisa ser proporcional ao momento, sem aquelas cobranças pesadas que atormentam os atletas desnecessariamente.

Nem tanto ao céu ou à terra de ambos os lados, afinal um 2 a 2 em fevereiro, na fase de grupos do estadual, não vai matar ou salvar ninguém.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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