Devemos celebrar a condenação de Daniel Alves?
Daniel Alves é um homem condenado. Um estuprador. Um detento sob custódia do sistema penitenciário espanhol.
Agora há pouco conhecemos seu destino e sua pena: 4 anos e seis meses
O veredicto carrega em si uma contradição. Comemorá-lo implica aceitar que um estupro de fato aconteceu, o que é desesperador. A mera ideia de estupro causa nas mulheres um terror agudo.
Um terror tão próximo e tão conhecido que tornou impossível para a maioria de nós duvidar da vítima de Alves. E, para quem nunca duvidou, a condenação traz, sim, uma sensação de vitória. Uma vitória que só é possível por causa da derrota civilizatória que encaramos com enorme naturalidade: mulheres são estupradas todos os segundos de todos os dias em todos os lugares do mundo, e pouco acontece.
Mas dessa vez aconteceu. Um jogador de futebol rico e famoso não saiu ileso. À coragem da denunciante uniram-se os protocolos, a polícia, as leis, o sistema e, finalmente, a justiça.
Este era um caso exemplar. De um lado, provas. Do outro, mentiras. A absolvição traria uma desesperança profunda: se nem assim acreditam em nós, como seguir adiante?
Quero acreditar que a condenação de Daniel Alves possa servir também como freio. Um evento a ser considerado por todos os predadores, inclusive pelos que se julgam acima da lei.
Afinal, a lei acabou de julgar um dos seus. E ele foi parar na cadeia.
Que fique claro: nenhuma punição apaga as marcas deixadas por um estuprador na vida de uma mulher. Mas é um caminho. Um caminho para que uns paguem por seus crimes e para que outros pensem duas vezes antes de cometê-los.
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