Alicia Klein

Alicia Klein

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Três momentos em que o futebol brasileiro passou vergonha nesse domingo

Sim, já estou cansada de escrever sobre nosso amadorismo. Não, o futebol do nosso país não me deixa parar.

Ontem ficou mais uma vez provado que a gente não pode ver uma vergonha, que já quer ir lá passar.

Do norte ao sul, atravessando várias competições, evidenciamos de novo que o Brasil é o país do futuro. E sempre será.

1. Copa do Brasil

Em Teresina, a partida entre Fluminense-PI e Fortaleza foi adiada por conta do inacreditável estado do gramado. As chuvas torrenciais formaram piscinas no campo do estádio Lindolfo Monteiro. A arbitragem interrompeu o certame no intervalo e não houve condições para o reinício, que está previsto para hoje. Vale lembrar que este é o único embate em aberto da primeira fase da Copa do Brasil, adiado inicialmente para dar alguns dias a mais ao Leão do Pici para se recuperar do atentando terrorista sofrido em Recife, cometido por criminosos vestindo a camisa do Sport.

A CBF gosta de se gabar do torneio mais rico do país, mas não toma providências para oferecer condições mínimas aos clubes que o disputam.

2. Campeonato Paulista

No Morumbis, a vergonha ficou por conta dos clubes mesmo. Em dia de arbitragem confusa, quem deveria dar exemplo deu chilique. As comissões técnicas raivosas só foram superadas pelo presidente tricolor. Revoltado com diversos lances da partida (não expulsão de Ríos, pênalti marcado em Murilo e possível pênalti não marcado em Luciano), Júlio Casares esbravejou na zona mista. "Hoje foi um absurdo. A Federação Paulista que nós apoiamos, a Federação Paulista que faz o melhor campeonato do Brasil, não pode atuar dessa forma. Chega do Abel apitar jogo no Paulistão. Hoje foi uma vergonha o que nós vimos no Morumbi? Lamentável. E nós vamos reagir. Aqui no Morumbi, não vai acontecer mais isso?"

Jogou na mesa o apoio ao presidente da Federação Paulista, botou a culpa da má arbitragem no técnico rival e fez uma ameaça que não tem a menor condição de cumprir. Ou alguém sabe como ele vai evitar novos erros dentro da sua casa?

Continua após a publicidade

Para completar, o São Paulo impediu o uso de uma sala de imprensa para a coletiva pós-jogo do Palmeiras, alegando reciprocidade por conta de uma suposta política no Allianz Parque. Pô, meu filho de 4 anos já aprendeu que, se fizer besteira, não vai importar quem começou a briga. Não pode bater no amiguinho e ponto final.

3. Campeonato Carioca

E o episódio mais tragicômico do domingo ficou por conta de Fluminense e Botafogo. Na hora eu pensei: imagina mostrar isso aqui para um amigo inglês. Em um clássico carioca, entre o atual campeão continental e uma SAF rica, em pleno Maracanã, no horário nobre da televisão, uma sequência sem fim de enfrentamento ao árbitro e rodinhas de macho inseguro. Mas essa não foi a cereja do bolo.

Fazendo sua estreia pelo Glorioso, Yarley caiu fora do campo após dar uma caneta em John Kennedy. Fez um rolamento, com as mãos no rosto, no melhor estilo Neymar, mas permaneceu do lado de fora. Hugo veio ao seu resgate e o puxou de volta por um braço, enquanto o outro ainda cobria o rosto — o Botafogo vencia e tentava ganhar tempo. Furioso com a manobra, o goleiro tricolor Felipe Alves não teve dúvida: segurou nos dois pés do garoto de 18 anos e o arrastou para fora, como se arrasta um saco de cimento. Insatisfeito, Halter levantou a jovem promessa pelo braço e literalmente o empurrou para dentro das quatro linhas, onde caiu deitado. Desnorteado e inerte, Yarley protagonizou um dos minutos mais hilários, quer dizer, bizarros, quer dizer, tristes, quer dizer, surreais do futebol em 2024.

E talvez seja esse o nosso destino. Nunca sermos verdadeiramente profissionais, mas também nunca morrermos de tédio.

Siga Alicia Klein no Instagram e no Twitter

Continua após a publicidade

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.