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Problema do Corinthians vai bem além de Cássio, e rebaixamento é risco real

Se um alienígena curioso pousar no Brasil e quiser entender o momento do Corinthians, por qualquer razão, basta assistir repetidamente ao lance da expulsão de Raul Gustavo, ontem, contra o Argentinos Juniors.

Perdendo por 1 a 0 desde os 2 minutos de partida, o Timão não conseguia chutar no gol. Não criava, não finalizava, não agredia o plantel reserva do adversário. Não salvava um. Aí, como se a coisa não pudesse piorar, o zagueiro alvinegro resolveu agredir o bandeira. Não um rival. O bandeira. Com dois safanões. Descontrole. Falta de noção total.

Foi expulso imediatamente, por óbvio. Em desvantagem numérica, pouco restou a fazer. No total, o Corinthians finalizou duas vezes na meta, a segunda delas já nos acréscimos.

Na saída do campo, o ídolo Cássio, que falhou feio no gol dos argentinos, mostrou-se de saco cheio. "Uma das piores derrotas", na sua definição. O time não marca é minha culpa, o time sofre gols é sempre minha culpa, tudo é minha culpa. Talvez seja a hora de sair.

Talvez seja. Até pelo fator pessoal, pela preservação de sua saúde mental, infinitamente mais importante do que qualquer resultado. Mas ele não está errado.

O problema do Corinthians não é o Cássio. Nem o Yuri Alberto. Nem o Fagner. O problema é todos esses caras trabalharem em uma instituição muito mal administrada. Que não completa seis meses com o mesmo treinador. Que não paga salário. Que deve a outros clubes e ao Estado, mesmo arrecadando fortunas. Em que dirigentes brigam publicamente, sem se posicionar em defesa do elenco da mesma forma. Em que não há paz.

É natural que um dos maiores ícones da história do Timão seja cobrado nos dias de inglória. Faz parte do pacote do ídolo — receber os louros e dar a cara a tapa. O risco é acreditar que se livrar dele vá proporcionar uma solução mágica a uma equipe que não balança as redes há quatro jogos, que no duelo contra o Red Bull Bragantino chutou uma vez no gol, em 97 minutos. Que é inofensiva. Que convive com falhas individuais e coletivas, sob um clima pesadíssimo, dentro e fora de campo. Que deve gerenciar suas expectativas para não correr riscos maiores.

Não tem mágica. E o foco precisa ser ficar na Série A do Brasileiro. Até o E.T. sabe disso.

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