Alicia Klein

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Está na hora de desembarcar dos bondes de Tite e Diniz?

A pergunta, naturalmente, aplica-se a quem um dia embarcou e ainda permanece a bordo.

Fernando Diniz é um caso tão claro de sucesso, que originou não apenas amores, mas o termo Dinizismo. Houve declarações de amor públicas, olhares desviados dos comportamentos questionáveis, defesas incondicionais e provocação aos haters, com a conquista da Libertadores. Gênio. Inovador. Incompreendido pelos inimigos do futebol arte.

Pois bem. E agora? É fase? Qual é a regra? Qual é a exceção? O Diniz de sempre ou o Diniz da Libertadores 2023? Ganhar é difícil, seguir ganhando é um desafio ainda maior. O Fluminense está sentindo isso na pele de maneira incisiva. Ontem, tomou 3 a 0 do Corinthians que não havia marcando nenhum gol nas primeiras três partidas do Brasileiro. Cometendo erros infantis, falhas enraizadas no Dinizismo, um time velho e envelhecido.

Nada impede que renasça, que aproveite as rodadas da Copa América para se recuperar no Brasileiro e que siga avançando na competição continental, na qual é líder do seu grupo, mesmo tendo apenas 5 pontos.

Mas eu sigo falhando em encontrar suporte na realidade para a idolatria às ideias de Diniz. Ideias que parecem estar sempre esticadas ao limite, à beira do revés que provará que nunca foi tudo isso.

Tite é outra história. Se nunca emplacou o Titismo, ao menos criou o Titês. Aquele idioma próprio, empertigado, entufado e, por vezes, incompreensível. Mesmo na derrota, parece que o errado é quem não entendeu seus conceitos.

O professor Adenor nunca encantou. Mesmo depois de vencer Brasileiros, Libertadores, Mundial e Copa América, mesmo quando comandou a Seleção em campanhas impecáveis nas Eliminatórias — algo que Diniz provou não ser tão fácil assim —, mesmo assim, nunca foi endeusado. Foi amado, especialmente por corinthianos, mas nunca com a empolgação pública de Diniz. Nunca despertou paixões.

A sina permanece no Flamengo. Uma Nação rica, recém acostumada a vencer e para quem vencer não basta. Não adianta conquistar o Carioca invicto, praticamente sem tomar gol. Não adianta ir mais ou menos na Libertadores e no Brasileiro. É preciso encantar. É preciso fazer Arrascaeta e De La Cruz jogarem bem juntos. Mais importante do que não levar gols é fazer gols. Muitos gols.

Nesse momento, o Rubro-negro de Tite não está conseguindo nem uma coisa nem outra. Já leva três partidas sem vencer, incluindo uma derrota na Libertadores com inúmeros questionamentos sobre a gestão de elenco e uma para o Botafogo, no Maracanã, utilizando todo o time titular.

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Ambos os técnicos têm as costas largas. Crédito. Alguma paciência da diretoria. Mas nenhum técnico em atividade no Brasil aguenta a pressão de expectativas frustradas.

O que me pergunto é se o problema não está neles, e sim nas expectativas criadas em torno deles. Porque eles sempre foram isso aí. Às vezes dá certo; às vezes, não. Um sempre com emoção e o outro, não. Um trem-bala desgovernado e um trem vagaroso e estável, que sacoleja até você pegar no sono.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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