A Copa do Mundo feminina é nossa - e isso muda tudo
Algumas horas atrás, o Brasil se tornou a sede da próxima Copa do Mundo feminina da Fifa, batendo a candidatura tríplice de Bélgica, Alemanha e Holanda, por 119 votos a 78. Em 2027, receberemos mais um Mundial de futebol, mais um mega evento, mais uma chance de mostrar ao planeta nosso potencial.
Não percam uma coisa de vista: isso faz muita diferença. Isso importa demais.
O esporte feminino está crescendo no mundo todo. Nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o impacto da Copa foi imenso. Não só economicamente durante os eventos, mas na sequência, com o fortalecimento das ligas locais.
No basquete, os EUA vivem uma nova era, com o chamado "efeito Caitlin Clark". A jogadora ajudou a elevar a audiência das finais universitárias a níveis maiores que as dos homens. Os ingressos para ver Caitlin e companhia custavam o dobro do que as finais masculinas. O valor do contrato da liga universitária (NCAA) com a ESPN, para o torneio feminino, simplesmente decuplicou de uma temporada para a outra. Cinco anos atrás, as TVs nem sequer transmitiam todas as partidas.
A WNBA também já se prepara para o seu melhor ano, com contratos de patrocínio individuais e coletivos em outro patamar. A NWSL, liga de futebol feminino do país, vem recebendo investimentos sem precedentes, incluindo a inauguração do primeiro estádio do mundo construído especificamente para uma equipe de mulheres (semana que vem conto essa história aqui em detalhes).
Há uma mudança tectônica em curso. Uma mudança feminina. De mulheres para mulheres. De quem não aguenta mais ser tratada como cidadã de segunda categoria. De quem sabe que pode — e deve — ser protagonista. Abastecida por meninas e meninos sem os nossos preconceitos. Que só querem ver atletas entregando tudo, dentro e fora de campo, independentemente do gênero. Uma geração imensa que não viveu a Copa de 2014 e que vai ter na de 2027 a sua primeira em casa.
Não se enganem. A nossa hora chegou. E não estou falando do Brasil.
(Um agradecimento imenso a todo o comitê de candidatura, na figura da genial Valesca Araújo, e às pessoas do governo, como a ex-ministra Ana Moser e à brilhante Débora Cruz, sem as quais a Fifa Women's World Cup Brazil 2027 continuaria sendo apenas um sonho).
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