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Copa América foi 'bola mal dividida' entre Conmebol e Concacaf

Foi assim que uma pessoa ligada à organização da Copa América, com quem eu conversava ontem sobre o caos que atrasou o início da partida em mais de uma hora, definiu o evento: uma bola mal dividida. Estádio vandalizado, invasão de gente sem ingresso, torcedores feridos, milhares de pessoas impactadas no mundo todo por um atraso impensável em uma partida dessa magnitude. Simplesmente não existe começar fora da hora programada. Mas aconteceu.

É difícil avaliar a Copa América como um sucesso. Sob qualquer aspecto. O nível do futebol nem esteve tão abaixo do da Eurocopa, mas isso talvez diga mais sobre a Euro do que sobre o torneio do nosso continente. A Argentina frustrou o sonho da Colômbia e venceu mais uma vez, sem precisar mostrar grandes coisas dentro de campo. Com Messi do lado de fora, chorando de tornozelo inchado. No geral, pouco brilho e muita confusão.

Mas a grande final se superou.

Segundo apurei, a Conmebol sempre trabalha com isolamento de perímetro nos seus eventos. Quem frequenta arenas no Brasil sabe bem como é. A partir de uma certa distância do estádio, só se passa com ingresso. As autoridades locais não quiseram implementar esse procedimento em Miami, e a confusão foi parar na boca do Hard Rock Stadium.

O que me pareceu curioso durante toda a Copa América foi a aura do futebol sul-americano que subitamente dominou uma competição realizada em terras supostamente mais organizadas. Você não vê o Darwin Núñez subindo na arquibancada do Anfield para dar porrada em torcedor. Nem torcedores saindo na mão com atletas nos esportes americanos. Nem partidas da MLS começarem fora do horário previsto por causa de tumulto na porta, com centenas de pessoas tentando invadir sem ingresso.

Essas coisas só acontecem com a gente? Levamos o pior de nós para qualquer lugar?

Difícil cravar, mas também não dá para eximir a Concacaf da bagunça. A confederação sede da próxima Copa do Mundo entregou, junto com sua coirmã do sul, um torneiozinho bem mixuruca. Campos fora do padrão FIFA, gramados que soltavam placas, arbitragem de que até os canadenses reclamaram (canadenses não reclamam), o caos da final, um show do intervalo meio cafona, uma cerimônia de premiação pobrinha — e tudo sob o calor verdadeiramente escaldante do verão estadunidense.

Enfim, não dá para escolher um só culpado. Mas dá para dizer que ninguém saiu bem na fita.

(Dois pontos que resumem bem o saldo final da Copa América 2024: nem o show da Shakira se salvou e, no final das contas, o melhor representante do futebol brasileiro na competição foi Raphael Claus. Como diria Felipe D'Avila, que tistreza.)

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