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Ame ou odeie: Leila Pereira é controversa, como qualquer homem no poder

Leila Pereira é complexa.

O UOL me pediu para defini-la em uma palavra e essa foi a primeira que me veio à mente.

Heroína e vilã, dependendo a quem você pergunta.

Ela certamente não é mocinha.

Qualquer breve conversa com sua oposição no Palmeiras revelará táticas pouco republicanas, retaliações, acordos, afagos, caronas em jatinho e ingressos cancelados. Desde o momento em que se qualificou (ou não) para concorrer à presidência do clube, a empresária mostrou que não estava ali a passeio. Que não mediria esforços para conquistar seus objetivos.

Isso, aliás, é das coisas que mais me intrigam em Leila: suas metas. O que Leila Pereira deseja, no final das contas? O que vem depois do Palmeiras?

A Crefisa se beneficiou mais do Palmeiras do que o inverso. O mesmo acontece com a presidente. A instituição colhe diariamente os frutos de sua liderança, mas pouca gente sabia de sua existência antes de ela aparecer no cenário alviverde. Hoje, por seus próprios méritos, ela se tornou uma figura pública. Provavelmente, a mais conhecida entre os dirigentes de futebol — e não apenas por ser a única mulher na elite dos clubes brasileiros.

Leila demorou a comprar a pauta da igualdade de gênero. Ao fazê-lo, porém, tornou-se referência. Passou a debochar de suas contrapartes masculinas, questionando suavemente sua "histeria". Organizou uma coletiva exclusivamente para jornalistas mulheres e passou a cobrar os veículos pela baixa representatividade feminina.

Que outra figura importante do futebol fez isso? Em um universo que evita recriminar até os estupradores condenados, ela apareceu como um sopro de ar fresco. Também, é claro, por se tratar de uma empresária de sucesso, bilionária, excelente gestora, ambiciosa e determinada. Basta uma rápida olhadela no comando de seus concorrentes para ver que há poucos como ela.

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Os feitos conquistados no Palmeiras tornam sua presença ainda mais indigesta para aqueles que nos detestam. Mesmo com diversas críticas à Leila, é impossível não comemorar o desconforto dessas pessoas, que simplesmente não podem ignorar a empresária bilionária à frente de um dos clubes mais ricos e vitoriosos do Brasil.

Os machistas que dominam os espaços da bola desde que ela é redonda precisaram aprender a engolir uma mulher que tem mais dinheiro e mais poder do que eles. E que é capaz de jogar o jogo pelas mesmas regras — por mais nefastas que sejam.

Não sei aonde Leila irá depois nem quantas portas sua passagem abrirá para outras mulheres no futebol. Mas sei que hoje ficou muito mais difícil argumentar a favor da nossa ausência.

Como qualquer personagem de porte que se preze, Leila é controversa. Uma mulher incômoda e necessária.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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