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Egoísta, John Textor agora acusa ex-jogadores do Botafogo de manipulação

Não é novidade a falta de responsabilidade do dirigente americano com o futebol brasileiro. Recém-chegado, ele não hesitou em acusar de corrupção instituições, dirigentes, árbitros e até jogadores, sem apresentar quaisquer provas concretas.

Não satisfeito, ele agora mudou de fase. Avançou mais dez casas em direção ao "danem-se vocês porque só eu importo". Nesse novo level do game, ele resolveu colocar no balaio o próprio Botafogo, na figura de atletas que já deixaram o clube.

Em trecho de entrevista para o ge revelada hoje, ele diz: "Quando eu fiquei tão comprometido com isso [manipulação de resultados] e passei a acreditar nisso depois de ver a eficácia da tecnologia testada em outros lugares, em tribunais, prisões sendo feitas [com base nisso]. Eu acreditei, certo? E então eu disse: preciso ter explicações para algumas coisas que acontecem no nosso jogo. Porque as pessoas falam sobre o colapso do Botafogo e desses jogos que não conseguimos vencer. Então comecei a olhar alguns desses jogos e pelo menos um desses jogos foi manipulado por jogadores do Botafogo."

Novamente sem provas. Novamente sem citar nomes. Apenas: jogadores do Botafogo manipularam "pelo menos" uma partida.

O americano esclareceu que essas pessoas não estão mais lá, sem revelar outros detalhes. "Eu não vou além disso. Com todo o respeito. Vocês estão sendo educados, vocês estão sendo bons jornalistas, mas eu entreguei essa evidência ao promotor. Então, é uma mensagem para todos os donos de times do mundo, eu não estou apontando apenas para você. Estou apontando para nós. Isso mostra quão prevalente a manipulação de resultados é. Então vamos parar de dizer que é sobre o jogo Botafogo contra Palmeiras, ou Grêmio ou Bahia", finalizou.

Como não conseguiu provar nada até agora, John Textor parece ter decidido se proteger, ainda que às custas da sua SAF. E aí está o problema: para Textor, o Botafogo é isso — uma SAF, um negócio. Um barco que ele pode abandonar pelo preço correto. Não é uma instituição centenária, com história e uma reputação a zelar.

Acuado, ele simplesmente acusou jogadores do próprio clube de entregarem o campeonato. Releiam essa frase e assimilem a seriedade desse fato. Como isso deixa o clima no vestiário? Agora, se o time engatar uma sequência de derrotas, o elenco precisa se preocupar em não ser acusado pelo próprio presidente de atos criminosos? Se cair para o Palmeiras na Libertadores, vai ter dedo apontado para dentro de casa também? Ou vai correr para cima da Conmebol, de Alejandro Domínguez, da tia da cerveja?

Mesmo com a equipe bem, liderando o Brasileirão, Textor se recusa a deixar morrer o fantasma de 2023. Se recusa a olhar para além do próprio umbigo e entender o tamanho do estrago que está causando (vide bonecos enforcados, por exemplo). No fim das contas, Textor se recusa a aceitar a derrota passada e deixar o próprio clube em paz para brilhar no presente.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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