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Sem critério e contra o gol, VAR da CBF parece a australiana do breaking

É muito difícil falar em erros constantes de arbitragem sem entrar em alguma teoria da conspiração. Sem querer analisar com uma lupa quais são as pessoas ou clubes mais prejudicados. Sem acreditar que alguns são, sim, perseguidos. Pois eu não acredito nessas coisas. Não quero acreditar.

Uma coisa é ter juízes ruins. Outra, bem diferente, é ter juízes corruptos, mal intencionados. Trata-se de um abismo que ainda não estou disposta a encarar.

Porém, contudo, todavia, entendo a fala de Abel Ferreira na coletiva de ontem, depois do empate contra o Flamengo. Mesmo sabendo que parte do seu discurso pode estar atrelada à estratégia do "contra tudo e contra todos". Em duas partidas seguidas, o Palmeiras teve quatro gols analisados pelo VAR por impedimento. Dois deles anulados, por decisões milimétricas. Os milímetros, infelizmente, fazem parte da natureza cruel do impedimento. Ou está ou não está.

O problema é estar por tão pouco com uma tecnologia tão tosca. Enquanto testemunhamos a ferramenta semiautomática e eficaz empregada nos Jogos Olímpicos, na Eurocopa, na Copa do Mundo, aqui assistimos a minutos sem fim de gente traçando linhas que mais parecem saídas de computadores dos anos 1990. Quem determina onde parar o frame e onde traçar as tais linhas têm muito poder, e acaba por transformar o "factual" em subjetivo.

Ademais, é como se estivessem sempre em busca de tirar o gol. Buscando pelo em ovo ou sarna para se coçar, como diria a sabedoria popular. Não se nota uma atitude pró gol. E o futebol deveria ser sempre pró gol.

A falta de critério também não ajuda. O soco de Pulgar em Richard Ríos pareceu mais claro do que o do lance que gerou a expulsão de Grégore, do Botafogo, contra o Bahia. No entanto, não foi sequer chamado pelo VAR e a CBF não liberou o áudio deste momento para entendermos a lógica.

E talvez tenhamos chegado ao cerne do problema: a falta de lógica em algo que supostamente deveria ser técnico. A falta de objetividade em algo que deveria ser cristalino. A falta de tecnologia em algo que deveria ser avançado.

Se acreditamos que se trata de falta de preparo — e não sacanagem — , a solução é relativamente simples. Investimento. Em treinamento. Em formação. Em tecnologia. Em soluções que façam o VAR fazer sentido.

Porque, no momento, ele está mais para aquela australiana do breaking, em Paris: passando vergonha cheio de confiança.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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