Alicia Klein

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A sombra de Neymar na seleção brasileira

Praticamente não se ouve falar de Neymar — para além das páginas de fofoca, com as histórias sobre suas filhas, parceiras e baladas — até que a seleção se junta e pá! Tome Neymar para lá, Neymar para cá.

De repente, o mundo só existe em relação ao atacante. Dorival Jr. divulga os convocados? Como vai se virar sem Neymar? Estêvão estreia? O jovem se inspira no "ídolo"? Sem Neymar, Vini Jr. vira referência.

Sabe o que é mais curioso? Primeiro, ele não veste a Amarelinha desde outubro do ano passado. Segundo, a seleção vinha mal com Neymar. Terceiro, o título mais importante dele com o time principal é a Copa das Confederações de 2013.

Não discuto sua habilidade e seu potencial, nem quero ser a fiasquenta que não acredita na sua recuperação. Discuto, sim, o que ele rendeu ao Brasil, na prática.

A resposta: pouco. Certamente não o suficiente para se tornar essa sombra que engole tudo por onde passa, protagonista pela ausência, ubíquo, um fantasma que perambula com desenvoltura como uma pequena chama acesa no fim do túnel.

Esta talvez seja a melhor explicação para a insistência na figura de Neymar: a esperança. A esperança de quem não vê o Brasil campeão do mundo há 22 anos, que vê uma campanha capenga na Copa América, que se vê em sexto nas Eliminatórias, com 7 pontos em seis partidas. Calma, que o Neymar vai voltar e tudo vai ficar bem.

Não deixa de ser bonito, mas é também perigoso. Uma psicóloga me contava na semana passada que, em relações abusivas, os principais sentimentos da vítima costumam ser medo, tristeza e esperança. E que a esperança é o mais nociva deles, porque mantém a pessoa presa naquela dinâmica tóxica. A esperança, ela me disse, só é positiva quando ancorada na realidade.

Acreditar que Neymar virá nos resgatar da mediocridade é brigar com as evidências empíricas dos últimos anos. É insistir em uma sombra que só faz encobrir o brilho de quem pode, sim, nos dar resultados agora. É, em suma, uma colossal perda de tempo. E uma coisa um pouco chata também.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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