Alicia Klein

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Impressionante: Neymar é onipresente entre os beduínos da Jordânia

Voltei recentemente de férias deste lindo país do Oriente Médio chamado Jordânia. Um lugar surpreendentemente seguro, apesar de sua belicosa localização: faz fronteira com Israel, Síria, Arábia Saudita e Iraque, além de estar pertíssimo do Líbano, da Palestina e do Egito.

Mas não venho aqui falar da situação grave que atinge a região, mesmo tendo vivenciado minutos de terror ao ver e ouvir os mísseis iranianos cruzando o céu de Amã, a caminho de Israel.

Venho falar de Neymar. Longe de ser meu favorito, porém um assunto difícil de evitar. Até no meio do deserto.

Havia poucos turistas na Jordânia. Efeito especialmente da guerra vizinha, apesar de não constar qualquer restrição ou recomendação contrária à visita. A alegria em ver alguém chegar lá de tão longe vinha somada à reação de espanto: "Ooooooh, Brazil!" Sempre com o complemento: "Neymar! Brazil! Neymar! I like!"

Raros sabiam onde o Brasil fica. "É perto de Portugal?" Ou qualquer coisa sobre a gente. "Ah, tem praias?" Quase todo mundo sabia do Neymar. Uns poucos diziam "Vini Jr.! Real Madrid! Vini Jr.!" Mas a estrela era Ney.

Claro, hoje ele atua no adjacente campeonato saudita — ou não atua, uma vez que está lesionado desde o ano passado. É, também, figura carimbada dos videogames e infinitos vídeos de YouTubers apaixonados por ele. Ainda assim, me surpreendeu.

Na capital? Neymar. Nas ruínas romanas de Jerash? Neymar. Em Aqaba, no Mar Vermelho? Neymar. No Mar Morto? Neymar.

Tenda beduína no deserto de Wadi Rum, na Jordânia
Tenda beduína no deserto de Wadi Rum, na Jordânia Imagem: Alicia Klein/UOL

Fui conhecer o deserto de Wadi Rum, eternizado nas histórias de Lawrence da Arábia e cenário de alguns filmes utópicos. O clima seria inóspito se eu não morasse em Brasília. Os 30 e poucos graus com mais de 20% de umidade foram um alívio diante da seca de quase seis meses do cerrado. Enfim.

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O passeio é guiado por beduínos. Todos membros de uma mesma família. Dirigem os jipes, recebem os turistas nas tendas para o chá, vendem lembrancinhas, levam os grupos ao acampamento onde servem a melhor comida da Jordânia. Não sei se já vivi algo mais impressionante na vida.

Do céu aos paredões, passando pelos petróglifos e a areia que se estende para além de onde alcança a vista. É espantoso e gigantesco. Com algumas curiosidades.

Quer fazer xixi? "You go nature." Vá na natureza, minha filha. Wi-fi, café e Coca-Cola? Quase sempre tem. Neymar? Onipresente.

Este diálogo se repetiu algumas vezes.

Beduíno: De onde você veio? ?Eu: Brasil! ?Beduíno: Ah, Neymar! ?Eu: Vini! Pelé! ?Beduíno: Sim! Neymar!

Que bom que sabem alguma coisa de nós. Que pena que seja só Neymar. Precisamos de mais ídolos para nos representar no mundo. Mais e melhores. Precisamos divulgar melhor a nossa história, e aprender mais sobre a milenar e genial cultura dos povos árabes. De preferência, tomando um chazinho com cardamomo preparado sobre o calor da areia do deserto.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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