Destaque de Endrick no Real não é suficiente para os planos de Dorival
Desde que Dorival chegou à seleção, é difícil entender seus planos para Endrick. Talvez o único momento lógico tenha sido o inicial.
Muito jovem, com apenas 17 anos, o atacante foi para o banco e saiu de lá para marcar o gol da vitória sobre a Inglaterra, em Wembley, e um dos gols do empate com a Espanha, no Santiago Bernabéu.
Tudo indicava uma conquista de espaço.
Só que não.
Na Copa América, banco. Contra a Costa Rica, entrou aos 25 do segundo tempo. Contra o Paraguai, aos 33. Contra a Colômbia, em partida dura e com um empate ruim para o Brasil, entrou somente aos 41. Ganhou a titularidade na bucha contra o Uruguai, depois da lesão de Vini Jr. A seleção caiu, e as expectativas se voltaram às Eliminatórias.
Dorival convocou Pedro, depositando no centroavante suas intenções ofensivas. O artilheiro se machucou no aquecimento do primeiro treino e se imaginou que, assim, Endrick ganharia uma vaga. Necas. Na melancólica vitória por 1 a 0 sobre o Equador, o treinador foi de Luiz Henrique e não colocou a cria do Palmeiras nem no segundo tempo. Endrick recebeu uma chance na deprimente derrota para o Paraguai, mas foi substituído ainda no intervalo.
Agora, para o importante confronto contra o Chile, Dorival vai de quem? Outra estrela do Botafogo: o estreante Igor Jesus. Tudo bem, ele é pago para isso. Vê coisas que nós, do lado de fora, não vemos. O duro é a explicação. "O que eu vejo é que o momento do Igor é muito interessante. Endrick ainda vem buscando naturalmente conhecer seu clube, o momento do maior clube do futebol mundial com concorrência grande e mesmo assim dando seu recado. É uma questão de encontrar seu momento na equipe. Para esse instante, experiência e momento vivido pelo Igor é diferente. Pode ser importante a presença desse perfil para um jogo desse tamanho nesse instante."
Ou seja, marcar gols no Real Madrid não é suficiente. Porque lá — onde disputa espaço com Vini Jr., Mbappé, Bellingham e companhia — não é titular. Na chegada de Dorival à seleção, Endrick era titular do Palmeiras, protagonista do recente título brasileiro. Não fez diferença. Bom, tinha Vini Jr. Não há espaço para todo mundo. Claro. Mas agora Vini está fora. Pedro está fora. O time está horrível. E Endrick não entra.
Não acho que atuar na Europa valha como um supertrunfo total, uma prova cabal de que Fulano é melhor que Sicrano, um upgrade automático à titularidade. Mas quando não basta o cara comandar o campeão brasileiro e se tornar destaque no Real Madrid, tornando-se o mais jovem goleador do clube merengue, em qualquer competição internacional oficial, em 122 anos, bom, aí nada vai adiantar.
Melhor se conformar em ser coadjuvante nessa macambúzia versão da seleção brasileira. Para azar de todos, provavelmente.
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