Botafogo é mesmo favorito contra o Atlético-MG na final da Libertadores?
Há meses vocês devem estar ouvindo jornalistas, como eu, dizerem que o Glorioso joga o melhor futebol do continente. O mais vistoso. Mais ofensivo. Mais sólido. O melhor de se ver. Que fez a melhor janela do país, contratando praticamente um novo time, em comparação ao do ano passado, que já era forte.
Para além de gastar muito, o clube gastou bem. Seu trabalho de scouting é, sem dúvida, um dos grandes responsáveis pelo sucesso atual — incluindo a certeira escolha de Artur Jorge.
Depois de atropelar o Peñarol no Maracanã e sobreviver ao conturbado duelo de ontem, em Montevidéu, o Botafogo está a oito partidas de repetir o feito do Flamengo de 2019 (inédito até então): vencer o Brasileiro de pontos corridos e a Libertadores. Claro, está a esses mesmos oito confrontos de perder as duas competições, ressuscitando o trauma de 2023.
E o Galo? Bom, a temporada do Mineiro, como chamam os argentinos, parecia uma das minhas figurinhas favoritas do WhatsApp: no começo estava meio ruim, mas no final parecia que estava no começo.
Classificação e jogos
Depois de um início excelente, a equipe de Milito dava pinta de que o ano poderia acabar bem abaixo das expectativas. O Brasileiro foi ficando longe e, apesar da ótima campanha na fase de grupos da Libertadores, não apontava ainda como favorito.
Só que o Galo foi crescendo, encorpando. Tirou o San Lorenzo sem muito brilho, tomou um pequeno susto contra o Fluminense e aí pegou o River Plate. Meteu-lhe logo 3 a 0, para o Gallardo ficar esperto. Com show de quem? Deyverson. Quem diria, a contratação mais crucial da temporada. Por cerca de R$ 4,5 milhões, ganhou uma injeção de ânimo e um atacante com muita lenha para queimar.
Mostrou seu poderio ofensivo na ida e o defensivo na volta. Não deu chance a um dos maiores campeões da América, diante de quase 85 mil torcedores alucinados. Ah, e eu mencionei que está também na final da Copa do Brasil? Pode garantir sua vaga na Libertadores de 2025 já contra o Flamengo, nas partidas que acontecem nos próximos dias 3 e 10.
E aí entra uma vantagem sobre o Botafogo. Passada essa decisão, o Atlético-MG poderá focar exclusivamente na do dia 30. Se for campeão, poderá abandonar totalmente o Brasileirão, ao contrário do clube de John Textor, que deve perseguir o caneco até a última rodada.
O Alvinegro carioca, aliás, pega o Palmeiras apenas quatro dias antes da final e pouco depois da data Fifa, em que deve perder um mar de atletas. Artur Jorge, em suma, terá mais decisões difíceis a tomar do que Gabriel Milito.
O Botafogo continua sendo um time mais forte do que o Galo. Do que todo mundo. Mas o Galo está no seu melhor momento da temporada, chega cheio de moral depois de eliminar O River e também tem vários jogadores capazes de mudar destinos — Deyvinho que o diga.
Quem é favorito, afinal? Acho sempre bastante arriscado apontar favorito em final única, com muito menos tempo para se diluir o imponderável. Se me obrigarem a apontar um, direi Botafogo, mas com pouquíssima convicção. Se deixarem, escaparei com um resoluto: pode dar qualquer coisa! Me cobrem.
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