Corinthians, Palmeiras, Mark Twain, e a curta distância entre céu e inferno
"No futebol, o céu e o inferno têm só um palmo de distância." A frase é do grande filósofo Dorival Jr., da época em que comandava o Flamengo.
Cai como uma luva para todos os clássicos, conforme restou comprovado ontem, na Neo Química Arena. O alienígena que pousasse na Terra, desavisado, teria a certeza de que o Corinthians é um dos grandes times do momento, e o Palmeiras, aquele fugindo desesperadamente da Série B.
A torcida alvinegra gritava "sem mundial" e "aqui não", para o clube que passou três anos sem vencer. E que, nesse período, conquistou a segunda Libertadores seguida, o tricampeonato paulista e o bi brasileiro. O clube que, apesar da derrota, luta pelo título deste ano, que o consagraria como apenas o segundo a conseguir o tricampeonato brasileiro na era de pontos corridos.
Abel Ferreira na coletiva de imprensa era a personificação da expressão "acusou o golpe". Nos grupos alviverdes se discutia o envelhecimento do grupo, a perda de jogadores-chave, os erros da diretoria, até um possível desgaste do treinador português à frente da equipe.
Classificação e jogos
Do outro lado, Ramón era rei. Com uma vitória, deu cem passos para trás da beira do precipício que ocupava até minutos antes da partida.
O Corinthians, que ainda não escapou da luta contra o rebaixamento, começou a falar em Libertadores, enquanto muitos palmeirenses discutiam o fim de uma era. Terra abastada de um lado (time com 38 pontos), terra arrasada de outro (time com 61 pontos).
A despeito do impacto momentâneo, um clássico não transforma subitamente a realidade. Um continua com chances de ser campeão e o outro, de cair para a segunda divisão. Mas o clássico pode se mostrar um combustível potente: seja para impulsionar adiante ou acender o fogaréu do fim do mundo.
As próximas seis rodadas vão contar essa história.
(Sobre céu e inferno, talvez o mais correto fosse citar Mark Twain: "Como tenho amigos nos dois lugares, prefiro me manter isento".)
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