Por que é difícil entrevistar Leila Pereira
Não é fácil entrevistar Leila Pereira.
Não só pela agenda da empresária, que na reta final da campanha pela presidência do Palmeiras se torna quase inacessível. Não só pelo fato de eu já tê-la criticado diversas vezes. Não só por morarmos em cidades diferentes. Não só pelo trânsito de São Paulo.
Leila, aliás, é uma entrevistada dos sonhos. Ela dá respostas longas. Não costuma fugir de assuntos. Oferece declarações incisivas, quase polêmicas. Se diverte. Cutuca adversários. Rende um monte de manchete.
Neste sentido e na verdade, entrevistar Leila Pereira é facílimo.
O difícil é encontrar o equilíbrio necessário para confrontar a única mulher presidente de clube grande no Brasil. Se o fulano a critica muito, é porque ela é mulher. Se a fulana a elogia muito, é porque ela é mulher. Rapidamente chegamos a generalizações tentadoras. Um erro.
Leila Pereira é complexa, cheia de nuances, uma "feminista light", como ela mesmo se definiu no nosso papo. Alguém que faz política como tantos homens antes dela fizeram, segundo quem as mulheres não podem ficar se vitimizando, que não tem vergonha de ser rica, muito menos de opinar sobre Neymar ou Gabigol. Unapologetic é a palavra em inglês que martela na minha cabeça: sem remorso, incontrita.
"Eu dou a última palavra mesmo. Eu mando."
Não é comum ouvir mulheres falando assim. Costuma pegar mal. Mas não há nada de comum em Leila Pereira. E isso atrapalha. Não é fácil glorificá-la nem vilanizá-la.
No fim das contas, a linha entre cobrar demais e passar pano vai afinando e a jornalista precisa tentar se equilibrar em um fio mínimo de imparcialidade.
Nossa conversa está aqui no UOL. Tirem as próprias conclusões e me contem.
Já adianto: Leila Pereira é complexa, desafiadora e fascinante. Mesmo quando a gente não concorda.
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