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Coletiva não resolve: como o Botafogo pode provar que emocional vai bem

Ontem à tarde, o Botafogo realizou uma coletiva de imprensa surpresa, colocando o técnico Artur Jorge à disposição de jornalistas, na véspera do confronto que pode decidir uma dos títulos disputados neste ano pelo Glorioso. Meio do nada, sem um motivo claro.

Bem, o motivo logo apareceu.

O português reclamou de arbitragem. Reclamou de Deyverson. Reclamou do Galo. Defendeu os atletas, como é seu papel. Declarou pelo menos seis vezes que não havia problema emocional com a equipe.

E aí está o xis da questão.

Se o objetivo era criar um fato novo, antes da semana mais decisiva da história do clube, John Textor pode considerar seu objetivo alcançado. De fato, as falas de Artur Jorge ocuparam a mídia e viraram a notícia do dia.

Agora, se a meta era convencer alguém de que não há problemas emocionais com a equipe, bem, aí já me parece mais difícil considerar a operação um sucesso.

Em geral, quando precisamos repetir diversas vezes que alguma coisa vai bem é porque ela não vai bem. Ou, pelo menos, há a percepção de que ela não vai bem, o que acaba por fazer com que ela não fique bem. Sabem aquela declaração de que o técnico está prestigiado, poucos dias antes de ele ser demitido? Ou gente que puxa papo com ex para dizer que está ótimo com a separação? É meio isso.

Fora os fatos indicados pela realidade, claro. O Botafogo perdeu a liderança do campeonato na reta final, de novo, para o Palmeiras. Depois de cair na provocação do Atlético-MG e ver alguns de seus principais jogadores perderem completamente a cabeça. No empate, em casa, com o Vitória, perdeu Tiquinho expulso, diante de um banco de reservas bastante abatido.

Não adianta fechar os olhos. É impossível evitar o fantasma de 2023 e o eterno "tem coisas que só acontecem com o Botafogo".

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Como é impossível esquecer que o time já demonstrou muita força mental em 2024. Eliminou o Palmeiras da Libertadores com direito a susto no final, meteu 5 a 0 no Peñarol, amassou o Flamengo duas vezes no Brasileiro. Não é o mesmo time do ano passado, literal e figurativamente.

Mas também não dá para achar que palavras mudarão alguma coisa. O que vai mudar o status do Botafogo no futebol e na mente das pessoas é o campo. São as taças. Cinquenta coletivas não terão o poder de um triunfo hoje sobre o Palmeiras e/ou sobre o Galo, no sábado.

Tenho certeza de que até as pedras alvinegras sabem disso.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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