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Galinha de Luiz Henrique na festa do Botafogo: mais um exemplo de misoginia

E lá vamos nós, de novo, escrever sobre assuntos paralelos ao futebol, pois o futebol nos obriga. Com tanto assunto depois do título inédito do Botafogo e a antepenúltima rodada do Brasileirão, precisamos vir aqui falar de misoginia.

Sabe por quê? Porque se pessoas como Milly Lacombe e eu não falamos, quase ninguém fala. Certamente, quase nenhum homem. E sabe por quê? Porque é chato. Porque atrai uma porrada de hater. Porque nem dá tanta audiência assim.

Talvez caiba esclarecer que a gente odeia falar sobre misoginia, homofobia, racismo. Sabe por quê? Porque significa que essas coisas nefastas estão acontecendo. Significa que ainda não nos livramos do mal.

Enfim, mesmo chato e talvez um detalhe pequeno dentro de uma festa enorme, não podemos ignorar.

A "gracinha" da vez é a provocação de Luiz Henrique ao Atlético-MG, carregando para a comemoração da conquista na Libertadores uma galinha de borracha. (O mesmo Luiz Henrique que, perguntado sobre o que tinha pegado na briga com atletas do Atlético-MG, respondeu ao repórter: "A cabeça do meu pau".)

Em suma, o Galo virou galinha. Nossa, hilário. O grande galo machão de peito estufado virou uma galinha murcha. As imagens foram compartilhadas pelo atacante e pelas redes oficiais do Botafogo, com a legenda "Ele é debochado".

A lógica é a mesma de bambis ou marias e todas as suas variações: associar algo ou alguém ao feminino como forma de ofensa. O que até seria engraçado não fosse trágico, considerando a quantidade de homens que não sobreviveria um dia na nossa pele.

Quanto tempo aguentariam precisando trabalhar o dobro para ganhar metade, parindo, amamentando, cuidando da casa e da família, criando filho solo, apanhando e correndo o risco de estupro ou assassinato, até dentro de casa? Não vou nem entrar na comparação entre o que passam jogadoras versus jogadores de futebol.

Aí, olhem só, vejam quem são as frágeis do rolê, quem vira piada. Ah, mas quanto mimimi. Você está com inveja do Botafogo! Claro. Quem não queria estar comemorando uma Libertadores agorinha?

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Só que o feminismo, gente amada, ele não pode ser clubista. Ele não tem esse direito. Uma das maiores chuvas de ódio que já recebi na vida aconteceu depois de criticar Danilo, ex-volante do Palmeiras, por fala homofóbica na comemoração de um título sobre o São Paulo.

Naquela época e agora, certamente era mais fácil ficar calada, escrever algo qualquer sobre campo e bola. Fácil, no entanto, é algo que desconhecemos por motivos de imposição da realidade. A galinhada aqui não fica quieta porque se ficar quieta a gente continua morrendo. Então, aguentem o nosso cacarejo e parem de cantar de galo com piadinhas imbecis. Diante de tudo que temos para reivindicar, não é pedir muito.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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