Despedida de Dudu do Palmeiras: muito barulho por 'nada'
Torcedores, calma. Não estou dizendo que a passagem de Dudu pelo Alviverde é um nada. Seria insano e simplesmente inverídico, brigaria com os fatos e os 13 títulos conquistados com o ídolo em campo. Dudu é um dos maiores craques da história do clube e talvez o maior nome do milênio.
A questão aqui é de ordem prática. No domingo, última partida do campeonato, no Allianz Parque, havia dois impedimentos para a realização de uma festa de despedida. O primeiro deles, incontornável: naquele momento, Dudu tinha contrato até janeiro de 2026. Segundo, embora remota, a chance de título existia e não era exatamente o melhor momento para outra festa — que, repito, não fazia sentido, uma vez que não estava definida a saída do atleta.
Ah, mas e depois? Dudu viajou para os Estados Unidos na segunda-feira. A rescisão foi definida ontem. Como deveria ter sido realizada a tal homenagem? Por Zoom?
Nem vou mencionar aqui o fato de que foi ele quem pediu para sair. Em 2018 (para a China), em 2020 (para o Qatar) e duas vezes em 2024 (para o Cruzeiro). Na oportunidade de junho com atitudes pouco republicanas, inclusive.
Também deixarei de fora o fato de que, desde a volta da lesão, ele atuou em 19 partidas, somando um total de zero assistência e zero gol. Mesmo assim, vai receber em Belo Horizonte o mesmo salário altíssimo que recebe hoje, com um contrato mais longo. Percebam que a vida está sendo boa com Dudu.
Vale destacar também que Palmeiras e atleta acertaram a realização de um evento na volta das férias — que pode ou não acontecer, a depender da vontade do meia-atacante.
É lógico que ver um grande ídolo partir assim, sem aplausos ao vivo, sem fogos, sem placas e medalhas, sem a torcida presente, sem pompa e circunstância, gera enorme frustração. Fica tudo meio melancólico, sem o que os gringos chamam de closure, aquele encerramento necessário para se seguir adiante. Mas a vida é desse modelo aí, com os fatos entrando no caminho do desejo.
E sempre cabe lembrar, porque algumas pessoas costumam esquecer: nenhum jogador é maior que um clube. Nenhum mesmo. Nenhunzinho.
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