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Botafogo e Corinthians mostram como é difícil feito de Palmeiras e Flamengo

O Botafogo passou o dia ontem refutando o noticiário, tentando negar que os jogadores estariam ameaçando não se reapresentar por conta de premiações atrasadas. A SAF de John Textor deve, e não é pouco nem a pouca gente. Mas finge que está tudo normal, às vésperas da estreia no Carioca, como se fosse apenas mais um clube brasileiro que escolhe quais contas pagar e quais empurrar com a barriga.

Falando em quem escolhe boleto, o Corinthians segue envolvido em pendengas financeiras e jurídicas. O empresário André Cury conseguiu o bloqueio das contas do Timão, o que teria sido a razão para o não pagamento dos salários de janeiro, devido a jogadores e comissão técnica no quinto dia útil do mês. Somadas, as ações de Cury, Giuliano Bertolucci e Carlos Leite cobram cerca de 170 milhões do clube. A patrocinadora máster Esportes da Sorte — que subsitituiu a Vai de Bet após outros imbróglios — ainda não obteve a autorização do Ministério da Fazenda para operar nacionalmente.

O que isso tem a ver com Flamengo e Palmeiras?

Basicamente, tem a ver com sanar contas e sustentar resultados no longo prazo. Algo dificílimo de alcançar no Brasil em geral e no futebol especificamente.

O Botafogo viveu em 2024 o melhor ano da sua história. Está começando a temporada seguinte sem o técnico do projeto vencedor, com a equipe semidesmontada e devendo aos jogadores (que foram e que ficaram).

O Corinthians esteve à beira do abismo. Contratou bem, saiu do buraco e foi parar na Libertadores. É o time com a segunda maior torcida do Brasil, inserido na cidade mais rica do país. Tinha tudo para encher a burra de dinheiro. Mas ostenta uma dívida na casa dos 2,3 bilhões de reais. Sua maior organizada estruturou uma vaquinha para pagar a Caixa pelo estádio do clube.

Sem virar SAF, com ajudas e caminhos distintos, Flamengo e Palmeiras montaram projetos duradouros. Tiveram o mínimo de paciência e qualidade de gestão necessárias para atravessar o deserto e chegar do outro lado, colhendo os frutos de um planejamento com alguma visão de futuro. Com milhões de defeitos, claro. Mas sem bilhões de dívidas.

O cenário vivido pelos alvinegros paulista e carioca nestes primeiros dias de 2025 mostra como é hercúlea a tarefa de não afundar no futebol brasileiro. E como ela é necessária àqueles que querem deixar de vender o almoço para pagar a janta.

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