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Palmeiras x São Paulo: arbitragem errou, mas repercussão é exagerada

Em um ambiente com tantos erros, confesso que me chamou atenção o tamanho da revolta com a marcação do pênalti de Arboleda em Vitor Roque, ontem, pelo Choque-Rei. Parecia o primeiro erro de arbitragem da história. Ou um dos maiores. Um escândalo. São Paulo deveria ter saído de campo. Um assalto. Cortem-lhes a cabeça.

Entendo que foi o atacante do Palmeiras quem buscou o contato, mas o lance não é absurdo. O contato, afinal, existiu. O zagueiro parece recolher a perna e Roque parece saltar na direção do adversário. O VAR, aliás, interveio, sim. Como ficou claro pelo áudio liberado pela Federação Paulista de Futebol, a cabine analisou o lance e teve a mesma interpretação do árbitro de campo. Logo, não havia por que chamá-lo. Certos ou errados (para mim, errados), todos avaliaram que foi pênalti.

É lógico que todo pênalti mal marcado gera um prejuízo enorme. Erros, no entanto, carregam pesos diferentes dependendo do que acontece, do que é assinalado e quando. O São Paulo teve mais da metade do jogo para alcançar o empate. Não o fez. Ficou abalado pelo erro? Talvez. Há um peso em se sentir "roubado". O fato é que o lance ocorreu ainda no primeiro tempo e o Tricolor não conseguiu fazer a sua parte para chegar às redes do rival. O embate não terminou 3 a 0 com três lances capitais decididos pelo juiz ou uma expulsão maluca logo no início ou um pênalti inexplicável no último minuto.

O Palmeiras finalizou 14 vezes contra 6 do São Paulo, sendo 8 e 1 no gol, respectivamente. Não foi um massacre tricolor impedido por um conjunto de árbitros mal-intencionados.

Aliás, a questão da intenção pesa muito neste debate. Claro que deve haver juiz ladrão, gente corrompida e subornada. Na vasta maioria dos casos, porém, o que temos é um monte de gente mal preparada. Uma arbitragem fundamentalmente ruim do ponto de vista técnico. Não à toa, todos os times, de todos os estados, sentem-se prejudicados ao longo da temporada. Um dia é um impedimento sem linhas traçadas cujas imagens desaparecem misteriosamente. No outro, um pênalti que praticamente ninguém viu além do time do apito.

Antes fosse um problema pontual, ervas daninhas isoladas que pudéssemos identificar e extirpar do nosso lindo jardim florido. Tudo seria mais fácil. O buraco, amigas e amigos, é bem mais embaixo. O lance de ontem — julgado correto no campo e no vídeo — é apenas mais um. Enquanto os clubes não agirem unidos e enquanto as torcidas seguirem fazendo piada com o coleguinha, seguiremos todos vítimas de um sistema que definitivamente não cheira a flor.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.