Discurso do presidente mostra importância que Conmebol dá ao racismo
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Alceu Valença já nos avisava: "O povo tá comendo vidro. E tá pior, vai piorar". Ontem, a Conmebol provou mais uma vez que no fundo do poço há um alçapão. Não conseguem nem fingir que se importam com o racismo.
Diante de cobranças rampantes por atitudes firmes, especialmente após o episódio envolvendo o atleta palmeirense Luighi contra o Cerro Porteño, esperava-se que Alejandro Dominguez usasse o sorteio dos grupos de Libertadores e Sul-Americana para fazer um discurso duro, apresentar propostas, discutir soluções, contar para gente o que a entidade faz com o dinheiro das multas pífias que aplica. Pero no.
O presidente subiu ao palco, falou alguns minutos em português com uma cara contrita, contando-nos que o racismo é um flagelo da sociedade, não do futebol — aparentemente, um problema mais dos brasileiros também. Disse que convocou autoridades de todos os países para conversar e que tem feito todo o possível para enfrentar o problema. Pivotou, então, para o espanhol, mandou um "la pelota tiene de rodar" e seguiu, animado, falando da organização dos seus eventos, das premiações e de tudo mais com que ele verdadeiramente se importa. Na plateia, um mundaréu de homens e uma ausência importante: Leila Pereira não compareceu em protesto à entidade.
Acabo de ver também o trecho de uma entrevista com Domínguez, na porta do evento. O repórter pergunta se ele conseguiria imaginar a Libertadores sem equipes brasileiras. A resposta, toda risonha: "Isso seria como Tarzan sem Chita".
Classificação e jogos
Este é o nível.
Ainda sem uma punição decente, o Cerro caiu no grupo do Palmeiras, impedindo por ora que o assunto morra nos corredores da Conmebol. A esperança de que algo positivo e concreto aconteça, no entanto, é mínima.
Na melhor oportunidade do ano para mostrar comprometimento com algo tão grave quanto o racismo, a entidade máxima do futebol sul-americano preferiu ocupar seu tempo (e dinheiro) com animações bobas, mascotes toscos e piadas sem graça. Quem se surpreendeu?
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