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Como a Globo quer usar a Copa para superar clima de polarização no país
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A Copa do Mundo de 2022 vai ser atípica por causa do período de sua realização, agora nos meses de novembro e dezembro, e não no tradicional meio do ano. E uma alteração fundamental foi provocada por isso: o Mundial foi colocado no calendário logo depois das eleições presidenciais no Brasil. A Globo quer usar o cenário de polarização política como um ponto de partida para "reunir" o país.
Durante evento do Grupo Globo para apresentar como será a cobertura da competição no Qatar, o diretor de Conteúdo do Esporte da emissora, Renato Ribeiro, falou sobre o slogan do canal ("Tamo junto pela Copa") citando como um dos fatores a necessidade de reunir os brasileiros após a disputa pelo Planalto ser encerrada.
Em conversa com a coluna após a apresentação, o diretor global disse que a emissora aposta que o próprio povo vai colocar na Copa as esperanças de deixar para trás as divisões nas urnas.
"Temos convicção de que o brasileiro quer mergulhar de cabeça na diversão e na emoção de uma Copa do Mundo, a despeito do que aconteça nas eleição. Acho que é uma chance de o Brasil se reunir em torno da Copa do Mundo, em torno da seleção, e torcer junto, se emocionar junto", disse Ribeiro.
Desde 1994, a situação era a inversa. O Mundial acontecia em junho e julho, e depois o país se virava para as questões eleitorais. Se houver disputa de segundo turno, as eleições presidenciais serão decididas em 30 de outubro. A Copa começa em 20 de novembro, e o Brasil estreia quatro dias depois contra a Sérvia.
"A gente sabe que é a eleição mais polarizada da história do Brasil, e três semanas depois começa a Copa. Assim como nas Olimpíadas de Tóquio, nós tínhamos essa sintonia de perceber o que a sociedade queria de um grande evento naquele momento, de que forma iria se emocionar com uma Olimpíada no meio de uma pandemia, a gente está com esse foco e esse cuidado de ver o que o brasileiro espera de uma Copa do Mundo três semanas depois das eleições", completou.
A coluna questionou se a Globo tem alguma preocupação com eventuais problemas políticos que o Brasil possa viver após o fechamento das urnas, como contestação de resultados e manifestações pelo país em meio à cobertura da Copa do Mundo.
"Nós tivemos algo similar já, na Copa das Confederações [de 2013] e na Copa do Mundo [em 2014] no Brasil. Então, acho que estamos escolados se isso vier a acontecer. Acho que isso não vai ser uma questão para a gente", disse Renato Ribeiro, lembrando das manifestações de rua que marcaram o mês de junho em 2013 e mudaram o clima político no país a partir de então.
Na época, a Globo dividiu foco entre as transmissões da Copa das Confederações e a cobertura das manifestações. Um jogo entre Espanha e Taiti chegou a ter a exibição ao vivo cancelada pela emissora, que explicou ao UOL na ocasião que uma regra contratual da Fifa proibia a interrupção da transmissão de seus jogos, e por isso resolveu seguir com a grade normal e colocar no ar flashes dos protestos em todo o país.
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