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Allan Simon

REPORTAGEM

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6 momentos históricos que Galvão Bueno não conseguiu narrar na TV

Galvão Bueno está fora da abertura da primeira Copa do Mundo no Oriente Médio e em um mês de novembro - Reprodução/SporTV
Galvão Bueno está fora da abertura da primeira Copa do Mundo no Oriente Médio e em um mês de novembro Imagem: Reprodução/SporTV

Colunista do UOL

20/11/2022 04h00

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Pela primeira vez desde 1986, quando até narrou a cerimônia de abertura, mas Osmar Santos fez o jogo entre Itália e Bulgária, o narrador Galvão Bueno vai deixar de fazer a locução de uma partida inaugural de Copa do Mundo na TV Globo.

A missão hoje será de Luis Roberto no duelo Qatar x Equador, que começa às 13h (horário de Brasília) e abre o Mundial de 2022. Galvão foi diagnosticado com covid-19 e se recuperou, mas não conseguiu um teste negativo a tempo de viajar para cobrir o primeiro jogo do evento.

Com isso, a abertura da primeira Copa do Mundo disputada no Oriente Médio e em um mês de novembro na história do futebol será mais um momento marcante que Galvão não terá conseguido narrar em sua carreira. Neste texto, a coluna apresenta outras situações históricas que não tiveram a voz do principal locutor da maior emissora do Brasil.

Para fazer a lista, foram considerados apenas eventos que Galvão não transmitiu por motivos alheios a sua vontade. Não são considerados, portanto, jogos que tradicionalmente não eram mais feitos pelo narrador, como partidas decisivas de torneios nacionais já assumidas por Cléber Machado ou Luis Roberto nos últimos anos.

Confira a lista:

1 - Primeira medalha de ouro olímpica do vôlei brasileiro

O Brasil conseguiu uma medalha de ouro olímpica no vôlei pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992. Foi também a primeira conquista dourada em Olimpíadas do país em esportes coletivos. Mas Galvão Bueno não narrou a histórica partida da seleção masculina então comandada pelo técnico José Roberto Guimarães contra a Holanda.

Em 1992, Galvão não estava na Globo. Ele deixou a emissora no começo do ano para assumir o comando do departamento esportivo da Rede OM, emissora paranaense que tinha planos de se tornar a primeira grande rede nacional sem sede no eixo Rio-São Paulo. Na OM, que hoje é a CNT, Galvão conseguiu feitos históricos, como deixar a Globo fora da final da Libertadores vencida pelo São Paulo contra o Newell's Old Boys, primeiro dos três títulos do Tricolor no torneio.

Mas o primeiro ouro do vôlei não rolou. Quem narrou na Globo foi Luiz Alfredo, muito conhecido por suas passagens pelo SBT, Record e RedeTV!.

2 - Primeiro título mundial do São Paulo

Outros momentos importantes de 1992 que Galvão deixou de narrar por não estar na emissora foram o GP de Mônaco, quando Ayrton Senna protagonizou um duelo memorável com Nigel Mansell, e também a conquista do primeiro Mundial do São Paulo no Japão, contra o Barcelona. Cléber Machado fez a corrida e Luiz Alfredo narrou o título tricolor.

No caso do São Paulo, Galvão Bueno pelo menos pode se orgulhar do fato de ter sido o único a narrar a origem dessa conquista, que foi o título da Libertadores no mesmo ano. Entre os mundiais vencidos por clubes brasileiros durante sua carreira, Galvão só perderia mais um anos mais tarde.

Galvão retornou à Globo no começo de 1993, fazendo a segunda Libertadores e o segundo Mundial do time comandado por Telê Santana.

3 - Títulos de Guga em Roland Garros

Uma das fases mais épicas do tênis brasileiro não teve a voz de Galvão Bueno nas transmissões para o Brasil. Gustavo Kuerten foi três vezes campeão do Torneio de Roland Garros, um dos maiores eventos da modalidade, mas a Globo não transmitia o esporte na época. A primeira conquista foi exibida pela extinta Rede Manchete em 1997.

O bi veio em 2000, exclusivo da Record, que conseguiu fazer 13 pontos de média e passar dos 20 pontos de pico em SP com a vitória de Guga sobre o sueco Magnus Norman. A emissora repetiu a dose com transmissão exclusiva em 2001, quando Kuerten superou Alex Corretja na final do Grand Slam. Rui Viotti foi o narrador dos três títulos na TV aberta.

Galvão Bueno já afirmou que não ter narrado as conquistas de Guga é uma das frustrações de sua carreira e chegou a gravar um vídeo nas redes sociais colocando sua voz no ponto decisivo do tenista brasileiro na final de 2000.

4 - Títulos do Flamengo na Libertadores

Galvão Bueno é torcedor declarado do Flamengo, mas nunca conseguiu transmitir uma conquista de título do Rubro-Negro na Libertadores. Em 1981, recém-chegado à Globo, o narrador fazia rodízio de transmissões com o então titular Luciano do Valle. Narrou o primeiro jogo da série final do Flamengo contra o Cobreloa, mas as duas partidas seguintes ficaram com Luciano, que deu voz ao título inédito do clube carioca na competição. Mas houve um lado bom para Galvão nessa história de revezamento.

"A final do Mundial caiu então no meu colo. Esse foi o grande momento de jogo de clube da minha vida", disse o narrador no livro "Fala, Galvão", lançado em 2015 em parceria com o jornalista Ingo Ostrovsky.

Outra chance de narrar o Flamengo campeão da Libertadores surgiu quando o time chegou à final única em 2019. O Rubro-Negro enfrentaria o River Plate em Lima, no Peru, e Galvão Bueno foi escalado pela Globo para a decisão. Mas acabou sofrendo um infarto já em solo peruano na semana da decisão e se recuperou, mas teve que ser substituído por Luis Roberto. O Flamengo venceu a final de virada por 2 a 1.

No terceiro título, conquistado no último dia 29 de outubro contra o Athletico Paranaense, Galvão Bueno nem teve a chance de narrar o Flamengo campeão, pois a Globo perdeu os direitos de transmissão da Libertadores em 2020 ao rescindir de maneira unilateral o contrato com a Conmebol, sendo substituída pelo SBT. Téo José fez a decisão na TV aberta.

5 - Primeiro título mundial do Corinthians

Galvão Bueno foi a voz na Globo de títulos mundiais do Flamengo (1981), Grêmio (1983), São Paulo (1993 e 2005), Internacional (2006) e do próprio Corinthians (2012), mas deixou de narrar a primeira conquista corintiana no evento em 2000. Só havia perdido a narração do título do Tricolor paulista em 1992 por causa da passagem pela Rede OM.

Em 2000, aquele era também o primeiro Mundial de Clubes da Fifa, sediado no Brasil, e a Globo não quis comprar os direitos de transmissão. Tinha acabado de transmitir, com Galvão Bueno e tudo, a participação do Palmeiras na Copa Intercontinental de 1999, considerada como o Mundial da época.

A Traffic, então parceira da Band, levou a competição com exclusividade para a emissora em TV aberta. Luciano do Valle foi o único narrador da final contra o Vasco nessa mídia. Com um jogo histórico que terminou em disputa de pênaltis, a emissora do Morumbi atingiu picos de 53 pontos, com média de 35, recorde até hoje da Band no Ibope.

Quase 13 anos depois, Galvão narraria o gol de Paolo Guerrero contra o Chelsea que rendeu o bicampeonato mundial ao Corinthians.

6 - Vitória histórica do vôlei feminino sobre a Rússia em 2012

Um dos maiores momentos da história do vôlei feminino brasileiro não teve nem a chance de ser narrado por Galvão Bueno. A virada no tie-break das quartas de final dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 contra a Rússia, após a seleção brasileira salvar seis match points, não foi nem sequer transmitida pela Globo.

Naquela edição, as Olimpíadas foram exclusivas da Record na TV aberta brasileira. A Globo até conseguiu sublicenciar os direitos de TV paga, mas Galvão Bueno foi enviado a Londres sem credenciais, apenas para apresentar um programa do SporTV na sede olímpica. Assim, aquele jogo e o caminho do Brasil na conquista do bicampeonato sob comando de José Roberto Guimarães tiveram transmissões apenas de Maurício Torres na TV aberta, além de Luiz Carlos Jr. no canal pago.

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