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Galvão Bueno merecia despedida melhor como narrador da seleção em Copas
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Se as promessas feitas ao longo do ano forem mantidas, terminou hoje a história de Galvão Bueno como narrador oficial dos jogos da seleção brasileira em Copas do Mundo. De um jeito triste, com eliminação nas quartas de final para a Croácia, nos pênaltis, a quinta queda seguida diante de um país europeu na competição. O sonho do hexa ficou para 2026, quando a Globo deverá ter outros nomes, como Luis Roberto, comandando os jogos do Brasil.
Galvão atingiu momentos inesquecíveis, sim, nesta Copa do Mundo de 2022 no Qatar. Atingiu a marca de 50 jogos do Brasil narrados em Copas masculinas ainda na segunda partida desta campanha, contra a Suíça. Nas oitavas, contra a Coreia, narrou o gol número 90 da seleção brasileira em uma trajetória que começou em 1986, substituindo Osmar Santos após uma indisposição, mas que se consolidaria a partir de 1990 sem deixar de narrar nenhum jogo do time canarinho na competição.
Mas merecia uma despedida muito melhor do que uma simples repetição dos roteiros que o próprio Galvão cansou de narrar depois do penta. Cada jogo tem sua história e circunstâncias muito singulares, mas no atacado a manchete é sempre a mesma: o Brasil só joga até enfrentar um time da Europa no mata-mata. Caiu diante da França nas quartas de 2006, da Holanda em 2010, sofreu no desastre do 7 a 1 na semifinal de 2014 contra a Alemanha (quando passou por duas seleções sul-americanas nas fases eliminatórias anteriores e ainda perdeu para os holandeses na disputa do 3º lugar), e voltou a parar em quartas de final contra Bélgica e Croácia em 2018 e 2022.
Galvão merecia talvez um Brasil x Argentina na semifinal, o que poderia ter sido o maior duelo da história desta rivalidade. Ou ainda um Brasil x Holanda com gosto de revanche. Quem sabe, ainda, uma final contra os franceses que são uma pedra no sapato da seleção brasileira desde 1986. Mas, não, agora Galvão Bueno vai encerrar sua trajetória como narrador de Copas do Mundo contando a história de algum título europeu pela quinta vez seguida, ou de uma festa argentina, ou talvez uma zebra marroquina.
O Brasil agora garante um jejum para 2026 tão grande quanto o que levou aos Estados Unidos (uma das sedes da próxima Copa) em 1994, quando foi tetracampeão na voz de Galvão Bueno. Serão 24 anos desde o penta, como eram 24 desde o tri. Mas, agora, Galvão provavelmente estará como comentarista, apresentador, criador de conteúdo online, não mais como narrador.
O próprio Galvão durante muito tempo achou que fosse ele uma espécie de elemento "zicador", uma vez que passou a narrar Copas na TV Gazeta em 1974, a primeira das cinco que o Brasil perdeu até conquistar o tetra em 1994. Deu a volta por cima narrando três finais seguidas com a seleção brasileira, o título contra a Itália nos pênaltis de 1994, a derrota para a França em 1998, e o penta diante da Alemanha em 2002. Mas agora encerra a trajetória com outras cinco decepções, uma delas um 7 a 1 que jamais será esquecido.
O Brasil de Tite tinha potencial para mais. Mas não conseguiu, nem em 2018, nem em 2022, fazer Galvão Bueno narrar pelo menos sete jogos da seleção brasileira em uma Copa outra vez. Ele merecia uma despedida melhor. Como curiosidade: a trajetória de Galvão com a seleção brasileira em Copas teve 53 jogos, 94 gols brasileiros, três finais e dois títulos mundiais.
"Eu vivi todas as emoções. Mas confesso que como torcedor ninguém esperava essa derrota", lamentou o narrador no fim do jogo de hoje.
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