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Allan Simon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Decisão do 3º lugar coroa uma excelente Copa do Mundo de Renata Silveira

Renata Silveira é a primeira mulher a narrar um jogo da Copa do Mundo na TV aberta - Reprodução/Instagram
Renata Silveira é a primeira mulher a narrar um jogo da Copa do Mundo na TV aberta Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

17/12/2022 13h55

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A decisão do terceiro lugar, hoje, coroou uma excelente Copa do Mundo feita pela narradora Renata Silveira na TV Globo. Um jogo divertido no primeiro tempo e mais lento na etapa final entre Croácia e Marrocos, que terminou em vitória croata por 2 a 1, teve uma narração à altura do trabalho realizado pela locutora em todo o Mundial: segura, informativa e competente.

Um profissional da narração esportiva leva sempre em uma Copa do Mundo o peso e a responsabilidade de fazer com propriedade o seu trabalho no evento que mais atrai atenção do público em um período de quatro anos. Na TV aberta, isso fica ainda maior, pois a missão se torna também falar com pessoas que não são fãs do esporte todos os dias, mas embarcam na onda do Mundial.

Quando se é uma mulher fazendo tudo isso pela primeira vez em um terreno historicamente dominado por homens, vira praticamente um campo minado que pode explodir a qualquer momento.

Esse era o cenário que Renata Silveira encontrou em sua primeira Copa do Mundo na TV aberta. Narrar na maior emissora do país, a Globo, um evento desse tamanho e na condição de primeira mulher a fazê-lo.

Qualquer deslize que passaria despercebido pelos narradores no dia a dia (quando não fosse considerado como engraçado, divertido, etc.) seria motivo para que críticas nada construtivas aparecessem aos montes.

Desde a primeira partida partida narrada por Renata nesta Copa, esta coluna indicava que a locutora da Globo fazia um trabalho seguro, correto, e parecia muito confiante no trabalho de estudos das equipes, de coleta de informações para passar ao público, e essa impressão se consolidou ao longo de todas as 13 partidas que tiveram a voz de Renata Silveira no Mundial do Qatar, contando também com jogos que foram exibidos apenas pela internet ou em compactos, mas sempre gravados em tempo real, como se fossem ao vivo.

Vale sempre lembrar que esta foi a primeira edição dela na TV aberta, mas não na carreira. O começo da trajetória como narradora foi justamente na edição de 2014, em um concurso promovido pela Rádio Globo. Quatro anos depois, na Copa do Mundo da Rússia, Renata Silveira foi selecionada para narrar jogos no Fox Sports 2. Esta agora é, portanto, sua terceira experiência em Mundiais.

É claro que previsivelmente choveram os ataques de sempre, que normalmente ignoram todo o trabalho e preparação da profissional, empacotando tudo em um simples "voz de mulher não dá", o que invalidaria qualquer esforço e dedicação com a intenção de validar um preconceito claro e flagrante. Esse tipo de crítica precisa ser ignorado. Não é construtivo e não agrega.

Para o futuro, as narrações de Renata Silveira até podem ganhar mais em emoção, se assim ela quiser que seja seu estilo, hoje muito mais focado em informar e passar de maneira correta o que acontece em campo, com a devida contextualização, do que o modelo ao qual nos acostumamos com Galvão Bueno, o "vendedor de emoções".

Com o passar do tempo, a confiança que boas experiências como esta na Copa do Qatar passam poderá ser decisiva para que a locutora se solte um pouco mais. Era impossível cobrar isso em um momento no qual um mínimo erro seria catastrófico diante de uma plateia pronta para se aproveitar de deslizes para disparar uma onda de "hate", o popular ódio nas redes sociais.

A missão agora foi cumprida com absoluto sucesso. Renata Silveira já é um nome na história da mídia esportiva brasileira e está cada vez mais pronta para os próximos voos mais altos na Globo.