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Globo acerta ao encerrar "Central do Apito", mas agora tem desafio difícil
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A notícia do fim da "Central do Apito" certamente vai ser comemorada por torcedores em todo o Brasil. Poucas vezes a Globo errou tanto em um formato, que esfriou demais a relação entre comentaristas de arbitragem e a ação dentro de campo, e, pior, mais raras ainda foram as vezes em que a maior emissora do país insistiu tanto em um formato equivocado. Foram cinco anos no ar.
Em vez de colocar os especialistas em arbitragem ao lado de narrador e comentaristas, como a Globo sempre fez a partir de 1989, quando Arnaldo Cézar Coelho inaugurou a função na televisão brasileira, a emissora passou em 2018 a criar uma espécie de "VAR próprio" em uma sala onde seus comentaristas do tema ficavam analisando os lances polêmicos das partidas transmitidas. Muitas vezes o mesmo comentarista atuava em várias partidas no mesmo dia, o que sinalizava também um aspecto econômico na medida.
Foi justamente o período em que o VAR começava a figurar no futebol brasileiro. Ora, se a arbitragem de vídeo estava trabalhando com imagens em tempo real na avaliação e revisão dos lances, fazia sentido manter essa central funcionando? Agora a Globo achou que não mais, e dispensou Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo, como informou o colunista Flávio Ricco, no R7, e confirmou o também colunista Gabriel Vaquer no site Notícias da TV.
Como Sálvio Spinola já havia deixado a emissora recentemente, apenas Paulo César de Oliveira permanece como contratado da emissora para participações em programas esportivos na TV aberta e no sportv, mas sem participar de transmissões ao vivo dos jogos.
É aí que mora o próximo desafio da Globo. Constatar que a "Central do Apito" era um formato que estava errado é diferente de achar que comentários de arbitragem são dispensáveis. Não foi por acaso que Arnaldo acabou contratado em 1989. Há momentos em que apenas um profissional com experiência no tema é capaz de explicar nuances de um lance que está acontecendo em tempo real.
Na imprensa brasileira há alguns profissionais que estudam bastante o tema "arbitragem" e podem muitas vezes fazer a função de explicar o que está acontecendo em uma revisão do VAR, como Vitor Sérgio Rodrigues, da TNT Sports. A Globo, porém, nem sequer tem um número vasto de jornalistas como comentaristas nos jogos ao vivo, função cada vez mais dominada por ex-jogadores.
Ex-jogadores devem conhecer sobre bola, campo, jogo, táticas, mas não deveriam ser obrigados a absorver também o papel de dizer se um pênalti foi bem ou mal marcado, se um impedimento interpretativo (jogador interferiu ou não no lance, etc.) foi correto.
A Globo deveria manter a figura do comentarista de arbitragem, mas retomando o formato que o telespectador viveu por quase 30 anos entre 1989 e 2018. Com especialistas no tema vivendo o jogo ao lado do narrador e dos demais analistas do jogo, e não sentado em uma sala emitindo opiniões sobre diversas partidas em um mesmo dia.
Críticas pesadas de torcedores e analistas, como o apelido pejorativo "Central do Amigo" (que indicava uma suposta tendência dos comentaristas a defender a decisão de seus ex-companheiros de profissão), ajudaram a minar o formato que agora a Globo encerra.
Mas os lances polêmicos seguirão existindo, as torcidas continuarão discutindo e querendo opiniões sobre pênaltis, faltas, expulsões, cartões amarelos, impedimentos, e outras cenas comuns do dia a dia do futebol.
Quem fará isso agora no jogo ao vivo? Serão ignorados? Ou qualquer pessoa com o microfone na mão poderá opinar? O desafio da emissora agora é difícil e não é pequeno. Vem aí a Libertadores, volta o Brasileirão e chegam as fases agudas da Copa do Brasil, cheios de paixões clubistas e destinos de times grandes envolvidos.
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