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Allan Simon

REPORTAGEM

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"Cartão Verde" volta ao ar com novo time e Arnaldo Cezar Coelho na estreia

Time do novo "Cartão Verde" terá Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro, Vladir Lemos, Rivellino e Oscar Ulisses - Nadja Kouchi/TV Cultura
Time do novo "Cartão Verde" terá Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro, Vladir Lemos, Rivellino e Oscar Ulisses Imagem: Nadja Kouchi/TV Cultura

Colunista do UOL

03/04/2023 04h00

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Uma das maiores marcas da história dos programas de debates esportivos na televisão brasileira volta ao ar hoje. O "Cartão Verde", da TV Cultura, estreia uma nova fase após quase três anos de ausência, com duas edições semanais e novos integrantes. O programa de estreia terá a participação especial do ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho, que foi comentarista de arbitragem da Globo por praticamente três décadas.

Nas noites de segunda-feira, a partir das 20h15, o time comandado por Vladir Lemos terá os comentaristas Arnaldo Ribeiro e Mauro Cezar Pereira, além do recém-contratado Oscar Ulisses, narrador da Rádio CBN, que vai fazer sua primeira aparição na edição do dia 10, próxima semana. A segunda edição semanal será às quartas-feiras, sempre começando às 20h30, com as presenças de Arnaldo Ribeiro e do ex-jogador e campeão mundial Roberto Rivellino.

A coluna entrevistou o apresentador Vladir Lemos, diretor de Esporte da TV Cultura, para entender melhor a ideia do retorno do "Cartão Verde" em um momento no qual a televisão linear tem tantos programas do gênero de mesa redonda sobre futebol. Para ele, a possibilidade de ter construído uma equipe forte para a bancada foi o fator fundamental.

"O Cartão Verde sempre teve uma excelência nas bancadas que formou. Nos últimos tempos a TV Cultura trouxe alguns nomes e a gente tem, modestamente falando, uma excelência jornalística para colocar o programa no ar de novo. Comentaristas bons, bem informados. A grande marca do Cartão Verde é que ele se propunha a fazer uma coisa que passava longe de polêmica, era sempre um bom debate", disse o jornalista.

Cartão Verde terá 45 minutos de duração às segundas

O "Cartão Verde" vai apostar na interação, algo que as redes sociais hoje facilitam, mas é marca do programa desde os anos 1990, quando ainda o contato com os telespectadores era feito por ligações telefônicas e fax. O quadro dos melhores e piores acontecimentos da semana, sintetizados nos cartões vermelho e verde, também está de volta.

Na entrevista, Vladir Lemos contou que o programa "sofria um pouquinho" com a duração mais curta no passado, mas que agora em seu retorno vai ter 45 minutos disponíveis na grade nas noites de segundas-feiras. Nas edições de quarta-feira, serão 30 minutos.

"Mas é uma experiência também, porque a gente sabe que o tipo de conversa que o Cartão Verde propõe não precisa ser uma discussão tão alongada como alguns programas hoje, em especial na TV fechada, são. Você tem alguns com duas horas de duração. O grande segredo do programa é o tipo de conversa que ele propõe", afirmou. Para Vladir, se o tempo mais curto impõe algumas limitações, por outro lado faz o programa focar "naquilo que é realmente essencial".

O apresentador ponderou dizendo que "não é que a gente correu de polêmica, ao contrário, mas é que sempre tivemos uma maneira de propor a conversa de um modo que mesmo diante de pontos de vista diferentes, não virava uma coisa que servia para caçar cliques na internet". "E isso nós vamos continuar oferecendo", completou.

"Acredito que a troca é a maior contribuição do Cartão Verde. A reflexão tá na troca entre as pessoas, entre os comentaristas, de mais diversas tendências, opiniões, acho que o pessoal vai gostar bastante", disse Arnaldo Ribeiro em mensagem à coluna.

Conteúdo mais focado em opinião

Se há 30 anos, quando o "Cartão Verde" foi criado, a TV aberta reinava absoluta na mídia com imagens, hoje o programa vai conviver com a internet, o que traz também alguns desafios com relação à própria montagem do conteúdo que vai ao ar.

"A gente sofre muito hoje em dia com a realidade, porque não podemos fazer um programa só pensando na TV aberta. Todo mundo que faz programa na TV aberta migra para o digital. E o esporte, mais que qualquer outra coisa, vem sendo totalmente cerceado nisso. Por exemplo, se eu coloco uma imagem da Premier League dentro do Cartão Verde, quando eu migro aquele conteúdo para a internet eu tenho que tirar", disse Vladir, se referindo a questões de direitos de uso dos vídeos de gols e lances de campeonatos de futebol, que acabam bloqueados em plataformas digitais. Por isso, o programa agora deve seguir uma pegada mais de opinião.

"Houve um tempo em que as pessoas ligavam em um programa esportivo para ter informação, o cara queria saber coisa de treino. Hoje impera mais a opinião. Quem acompanha o debate querendo saber o que o cara que está ali pensa para criar aquele 'embate mental'. E isso ajuda a gente no sentido de pensar o Cartão Verde a partir de agora centrado na opinião, porque hoje em dia se você mostrar gols, melhores momentos, o público já vai ter visto isso", afirmou o jornalista, sobre o acesso mais fácil aos lances pela internet, TV aberta e TV paga.

O comentarista Mauro Cezar Pereira concorda. "O desafio sempre é esse: tentar fazer com que o programa tenha discussões que façam as pessoas pensarem, ter suas conclusões e tudo mais", afirmou.

Oscar Ulisses como reforço

A grande novidade para o time da TV Cultura foi a chegada de Oscar Ulisses, que já teve passagens por diversas emissoras de televisão e agora vai fazer parte do "Cartão Verde" nas edições de segunda.

"Você poder ter no programa de segunda-feira algo que invariavelmente esteve envolvido com algum jogo que provavelmente foi o mais importante do fim de semana. Isso por si só já seria uma maravilhosa contribuição para o programa. Mas também é um cara que tem um discurso polido que combina com aquilo que a gente propõe. E (dentro do time) é até uma visão diferenciada, por exemplo, da do Mauro Cezar, que é mais enfática, que a do Arnaldo Ribeiro", disse Vladir Lemos.

O narrador também comemorou a entrada no time em mensagem enviada à coluna. "O programa representa muito, desde há muito tempo. E eu acompanho praticamente desde o surgimento. Fiquei triste quando ele saiu um pouco, mas tá de volta! E uma responsabilidade grande de tentar manter esse nível de Cartão Verde. A expectativa é muito grande. E mais do que a expectativa, o prazer de estar nessa bancada do Cartão Verde", disse Oscar Ulisses.

TV Cultura tem aumentado transmissões esportivas

A volta do "Cartão Verde" está inserida em um contexto no qual a TV Cultura vem expandindo o espaço do esporte em sua grade de programação. A emissora transmite a Série A2 do Paulistão, vai exibir a Copa Paulista, as semifinais e finais do Paulistão Feminino e do Paulistão Sub-20, e tem acordo com o SBT para a exibição de dois torneios europeus, a Liga Europa e a final da Conference League. Exibe também o NBB, liga nacional de basquete. Já mostrou nos últimos anos também eventos como a Superliga de Vôlei e a Fórmula E.

"A TV Cultura não tinha uma diretoria de Esporte há mais de 30 anos. O último diretor tinha sido o Orlando Duarte. E quando a gente requereu a diretoria de Esportes, era muito com essa intenção de retomar as transmissões. A transmissão esportiva sempre foi, como o Cartão Verde, uma das grandes marcas da TV Cultura", disse Vladir Lemos, que comemorou os avanços em direitos conquistados nos últimos quatro anos.

"Quando você imaginaria que a TV Cultura iria mostrar, como a gente mostrou há algumas semanas atrás, Manchester United x Barcelona? E você não sabe como as pessoas que fazem esportes aqui vibram com essas coisas", afirmou o diretor de Esporte da Cultura, que espera deixar um legado para o futuro do canal.

"A Fundação (Padre Anchieta) tem mandatos de presidentes estabelecidos e com uma limitação, a direção atual está no segundo mandato e não pode ser reeleita uma terceira vez. Mas na verdade o que a gente quer acreditar é que a gente vem fazendo um trabalho que as pessoas que cheguem aqui futuramente para administrar a Fundação e a TV vejam que a gente conseguiu colocar um trabalho em pé e que merece ser levado adiante, o grande mérito está nisso", concluiu Vladir.