Neto abre o jogo sobre polêmicas, racismo e futuro em podcast de Mano Brown

O apresentador Neto é o entrevistado do próximo episódio da quarta temporada do podcast "Mano a Mano", produção original do Spotify liderada por Mano Brown. O episódio que vai ao ar amanhã tem cerca de 2h30 de duração, com uma conversa na qual o ex-jogador falou abertamente sobre polêmicas de sua vida, sua relação com o tema "racismo", e planos para o futuro.

No papo com Mano Brown, Neto repetiu o que disse no programa "Os Donos da Bola" no último mês de abril, quando afirmou que foi racista ao cuspir no árbitro José Aparecido de Oliveira durante um jogo do Corinthians contra o Palmeiras em 1991, e refletiu sobre o erro.

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"Essa foi a maior covardia que eu fiz. A verdade é que fui covarde, sujo e racista", disse Neto. Mano Brown, ao ouvir a fala, questionou: "Se ele (Zé Aparecido) fosse branco você não cuspiria?".

"Se fosse o Dulcídio (Wanderley Boschilia, também ex-árbitro) eu ia cuspir? Não", disse Neto.

"Quando eu cuspi no Zé Aparecido, eu cuspi em um árbitro negro, e aí o que aconteceu? Ele se f... Ele perdeu mais do que eu. Eu ganhei, para as pessoas, porque eu era o 'f..ão', que 'o juiz roubou', que me expulsando ele queria que o Palmeiras ganhasse. Não, não. Eu fui o racista, eu fui o covarde. Eu que tinha que ter pedido perdão, e pedi perdão para ele e para Deus. E ele me perdoou", completou.

Mano Brown disse ter ficado surpreso com a fala do ex-jogador reconhecendo o racismo e o chamou de "corajoso". No mesmo programa, Neto afirmou que tem como maiores referências Malcolm X e Martin Luther King Jr, além de citar nomes como Barack Obama, Michelle Obama e Pelé.

"Nesse país preconceituoso, nesse país racista, sem educação, nesse país onde um branco como eu sou, de olho azul, entra em um supermercado de bacana e ninguém fala p... nenhuma, e aí entra um negro que tem muito mais condições (financeiras) do que eu, e ele é olhado pela sua aparência física. E eu fico muito puto com isso. Eu combato isso no 'Os Donos da Bola'", disse Neto, que lembrou as oportunidades em que apresentou seu programa na Band com camisas com a imagem de Malcolm X.

Neto também afirmou que hoje é muito mais combativo em sua atividade profissional. "Eu comecei a combater os grandes, a combater esse genocida que estava aí, a combater as pessoas que fazem mal, a dizer às pessoas que todos são iguais perante a Deus", disse o ex-jogador. "Eu sou um cara que tem poder na fala, eu tenho poder na televisão, eu tenho poder no argumento, e eu tenho uma audiência muito forte. Então o meu poder não pode ser um poder sujo", afirmou o apresentador.

Durante o programa, Neto repetiu que pretende dirigir o Corinthians, mas falou também que tem planos de transmitir futebol com imagens em seu canal no YouTube, a Rádio Craque Neto, que atualmente faz sucesso com transmissões no formato de webrádio. Neto e Mano Brown falavam sobre o exemplo de Galvão Bueno, que exibiu uma partida da seleção brasileira em seu novo canal na plataforma no último mês de março.

"Eu tenho o entendimento de que daqui a uns dois anos eu terei cacife e também patrocinador. O patrocinador vai comprar e vai botar na minha rádio, porque ele sabe que a minha rádio vai dar audiência pra ele, e aí eu ganho dinheiro", afirmou o apresentador, que citou o fim do "monopólio" que a Globo exerceu sobre direitos de transmissão no futebol por duas décadas no Brasil.

O podcast "Mano a Mano" com suas outras temporadas e episódios fica disponível no Spotify neste link. O programa com Neto ficará disponível nesta quinta-feira (18) na plataforma.