Cleber Machado fala sobre ida para o SBT e 6 meses 'intensos' pós-Globo
O narrador Cleber Machado inicia na próxima terça-feira (26) uma nova fase em sua carreira, agora como contratado do SBT. Após mais de 30 anos na Globo, de onde saiu em março deste ano, o profissional volta a ter acordo fixo com uma emissora de televisão, mas não ficou parado nesse tempo. Pelo contrário. Como ele mesmo define, foram seis meses "intensos".
Cleber estreia na emissora de Silvio Santos com a narração do primeiro jogo da semifinal da Copa Sul-Americana entre Corinthians e Fortaleza, que começa às 21h30 (horário de Brasília). Desde que saiu da Globo, o narrador já fez as finais do Paulistão 2023 na Record e participou de várias fases da Copa do Brasil no streaming Amazon Prime Video, além de dar diversas entrevistas e fazer participações em programas e podcasts.
Em entrevista exclusiva à coluna, Cleber Machado revelou detalhes de como fechou com o SBT, da recepção que teve de seus novos colegas, o primeiro contato com Téo José após o anúncio da contratação, e até como foi o reencontro com antigos chefes da Globo durante a final da Copa do Brasil no último domingo no Maracanã, quando ele trabalhou em Flamengo 0 x 1 São Paulo pelo Prime Video.
Como foi a negociação com o SBT
Pouco depois de ter sido anunciado como novo narrador fixo do SBT, no dia 1º de setembro, Cleber Machado disse que o acerto foi "simples" e rápido. No papo com a coluna, ele explicou melhor como as coisas aconteceram.
Classificação e jogos
"Esse negócio do 'rápido' foi assim: há muito tempo, quase seis meses, eu tive um primeiro contato. Mas um contato bem superficial. Aí o tempo passou e as coisas ficaram... eu fui fazer lá (na Record) o Campeonato Paulista e fica naquela, 'pô, será que vai rolar com a TV Record? Vai continuar? Não vai?'. Fui fazendo Prime Vídeo, vendo o que mais vai apontar. E de repente começa a ter uma procura mais efetiva. Olha, estamos a fim, queremos", contou o narrador.
"E o 'rápido' é o rápido naquela história de 'ó, a gente está a fim e tem essa minuta de contrato'. Aí um cara analisa a minuta, vai e fala 'vamos, mas tem isso aqui e aquilo ali', sabe? Mas foi um processo que eu acho que eles aqui acharam que eu tava demorando muito, para te falar a verdade (risos)", completou Cleber.
Recepção dos novos colegas no SBT e contato com Téo José
Cleber Machado chega para compor um time que praticamente reconstruiu o esporte no SBT. A emissora de Silvio Santos, que transmitiu todas as Olimpíadas e Copas do Mundo entre 1984 e 1998, foi o canal exclusivo da Copa do Brasil em TV aberta de 1995 a 1997 (e transmitiu a de 1998 junto com a TV Globo), e levou ao ar competições que marcaram os anos 1990, como Torneio Rio-São Paulo e Copa Mercosul, estava desde 2003 sem futebol em rede nacional. Voltou de forma regional em 2018 com a Copa do Nordeste, mas só em 2020, com a final do Cariocão e a compra da Libertadores é que o projeto se nacionalizou.
Desde o começo desse novo projeto, há três anos, Téo José tem sido o narrador titular, compartilhando transmissões com Luiz Alano. O SBT transmite atualmente a Copa Sul-Americana e a Champions League. É nesse contexto que se dá a chegada de Cleber Machado, mais um nome de peso.
"A recepção foi ótima, o pessoal super simpático, super gentil em todos os níveis. O modo como falaram comigo, com meu irmão que me ajuda sempre nessas negociações, foram todos muito gentis, demonstrando um interesse legal em ter a mim como um cara da equipe. E é uma (emissora de) televisão que eu acho que tem um pouco essa história, a empresa tem um pouco essa história", contou Cleber, que mencionou as primeiras impressões que teve ao chegar na emissora.
"Você começa a conversar com os caras aqui e pergunta 'há quanto tempo você tá aqui?', aí responde '42' (anos), aí o outro 'eu tô só há 38'. É um lugar que de um jeito e de outro cativa, tem um ambiente bacana. Eu fui muito bem recebido pelos caras do esporte, pelos colegas, pela diretoria, por quem falou comigo. E, assim, eles deram a 'piscadinha' e eu sorri", define o novo narrador do SBT, que revelou ter recebido um contato de Téo José assim que fechou com a emissora.
"Ele me mandou uma mensagem muito gentil e carinhosa depois que eu assinei o contrato. E aí nós nos encontramos aqui, nós viemos fazer uma gravação do Programa Silvio Santos com a Patrícia Abravanel. Eu, ele, o (Luiz) Alano, a Nadine (Basttos), o Mauro (Beting), o Mano, tava o Fred Ring. Nós fomos participar lá do quadro musical do programa. Mas a gente conversou pouco ainda, mas só por contingência, por não ter encontrado um com o outro", disse.
"Eu conheço o Téo faz tempo. Já conversei bastante com ele. Quando ele tava na Fox, que ele tava no Rio de Janeiro, eu ia para lá quase toda semana, e ele morava, todos eles quase da Fox moravam a dois quarteirões do hotel onde eu ficava, e a gente chegou a jantar junto todo mundo. Acho que não tem crise. Eu acho que tem para todo mundo. Você quando escreveu 'como é que eles vão resolver?'. Eles vão resolver com escala. Porque tem um monte de coisa, tem jogo, vai ter terça-feira que vai ter dois jogos, tem outras partidas, tem melhores momentos, tem gols, tem programas, tem tudo. Acho que dá para todo mundo fazer", completou Cleber.
Escalas e futuro do futebol no SBT
Cleber já vai chegar fazendo um jogo com alto potencial de audiência, uma semifinal continental envolvendo dois times brasileiros, Corinthians e Fortaleza. Mas o narrador disse que nem discutiu com a direção, ao fechar contrato, temas relacionados a escalas.
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Quero receber"Então, isso não foi conversado. Eu não perguntei e ninguém me contou. Eu não sei nem se a gente vai ter esse tipo de conversa. Nesse tempo todo que eu tenho de carreira, eu nunca discuti muito isso de escala. Claro que eu já não gostei de alguma escala, já reclamei de escala. Mas o meu jeito de reclamar de escala é sempre depois do evento", disse.
"Porque eu acho muito desagradável quando você tá escalado para um negócio, o outro reclama e muda a escala. Eu acho isso muito ruim. Então toda vez que alguma escala me incomodou, eu ia na segunda-feira, na terça-feira, falava 'pô, mas naquela escala lá...'. E não é 'reclamar', porque a prerrogativa de escalar é de quem escala. A nossa obrigação é cumprir a escala, porque se eu pensar só individualmente, é muito simples eu achar que tal coisa 'tem que ser eu'. É muito simples", afirmou o narrador, que comparou a situação a um time de futebol.
"É igual a um técnico de futebol. O jogador de futebol quer jogar, uns 30 querem jogar, o cara só escala 11, pelo menos uns 20 ficam bravos, né, e bravos no sentido de que gostariam de jogar. Mas ninguém me falou o que eu vou fazer, o que eu não vou fazer, se eu não vou fazer só isso, se eu vou fazer só aquilo, se nós vamos todos fazer tudo. Eu acho que tem evento para todos fazerem tudo", disse Cleber Machado.
O narrador disse que até fez algumas perguntas à direção do SBT quando negociou sua contratação, mas não entrou em detalhes sobre o futuro do esporte na emissora.
"Não entramos nestes detalhes estratégicos da emissora. Eu não fico nem confortável de perguntar. Até seria natural, não teria nenhum problema eu perguntar. É claro que eu perguntei: 'Vocês estão pensando o quê para o esporte? Vocês vão parar de fazer o ano que vem?'. E eles responderam: 'Não, a gente tem a Copa Sul-Americana até 2026. A Liga dos Campeões tem mais um ano e vai se negociar o que vai acontecer a partir de 2024'. Eu não me sinto à vontade de perguntar e ter a pretensão de ter uma resposta definitiva", afirmou.
Por que Cleber Machado fechou com o SBT?
Questionado sobre o que o convenceu a assinar contrato com a emissora de Silvio Santos, Cleber Machado disse que não há um fator único que explique sua nova empreitada na carreira.
"Não tem uma coisa, tem um monte. A minha história tem muito a ver com TV aberta. Das redes aqui do Brasil, duas importantes se mostraram a fim de ter o meu trabalho. Agora, aí tem detalhe. Eles (o SBT) têm aparentemente uma boa perspectiva para o esporte, um interesse legal. Você escreveu na sua coluna, quando saiu a minha contratação, você fez por dois ângulos, né, o primeiro é que era um sinal de que o SBT estava mesmo interessado em ter o esporte com uma participação importante na programação. Pô, tem dois eventos que duram o ano inteiro, que como todos os eventos, lógico, eles dependem do jogo, do desempenho, de quem está jogando, tudo isso é sempre. Mas eles aparentam ter uma boa intenção com o esporte. Então eu acho que é isso que vai levando. Fundamentalmente foi isso", contou o narrador.
Reencontro com antigos chefes da Globo no Maracanã
Pouco antes de estrear no SBT, Cleber Machado faz as finais da Copa do Brasil no Prime Video. No último domingo (17), ele narrou diretamente do Maracanã o duelo entre Flamengo e São Paulo para o streaming da Amazon. A TV Globo também mostrou esse jogo e estava com a equipe no estádio.
Cleber Machado contou que não conseguiu falar muito com os antigos colegas, mas recebeu visitas de dois ex-chefes na cabine de transmissão.
"Então, eu vi antes do jogo uma galerinha, algum outro repórter, o pessoal de produção, pessoal de tecnologia. Eu não fui na cabine, eu não vi. Eu estava com esse negócio de Instagram tendo editar um vídeo para postar um story para o Prime, então eu fiquei lá meio sentado, não consegui conversar, então não vi o Luis Roberto. Eu vi o Ricardinho, o Ricardinho passou lá, eu conversei com ele. O Renato Ribeiro (diretor de conteúdo do Esporte da Globo) e a Joana Thimoteo (diretora de eventos esportivos da Globo) foram lá na cabine, bateram lá, foram lá falar comigo. Mas foi rápido, eu estava tentando e não conseguia editar o vídeo, já eram três e pouco (da tarde). Eles foram gentis de ir à cabine. Aí depois, quando eu desci, eu fiquei um tempo conversando com o Eric (Faria), o Richard (Souza), o pessoal, os repórteres, lá no saguão do Maracanã. O Luis Roberto eu não encontrei, o Villani eu não encontrei também. Cada um chega e acaba tendo que ir já para a sua cabine. Mas foi na boa, foi na paz", disse o narrador.
Expectativa para a estreia no SBT
Cleber Machado diz estar tranquilo para começar a nova jornada em Corinthians x Fortaleza.
"É sempre legal, sempre positiva. Eu não sou de ficar muito assim, imaginando, pensando, nervoso. Não sou, nunca fui, nem nas primeiras transmissões que eu fiz. Então assim, começar a pensar no jogo, assistir aos jogos do Corinthians e do Fortaleza, começar a ver e 'entrar' no clima, porque na verdade você nunca 'sai' do clima. Você nunca está por fora do que acontecendo no campeonato A ou no campeonato B. Na hora que for se aproximando (a estreia), nós vamos ver se a camisa vai servir (risos). Mas é bom, é gostoso", encerrou.
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