Allan Simon

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Descontraído e à vontade: como foi a estreia de Cleber Machado no SBT

A estreia de Cleber Machado como narrador do SBT foi praticamente um evento à parte para quem gosta do tema "mídia esportiva" durante o jogo entre Corinthians e Fortaleza, hoje, pela semifinal da Copa Sul-Americana. Após 35 anos de TV Globo, uma passagem pontual pela Record na final do Paulistão, e a Copa do Brasil no Prime Video da Amazon, o locutor fez sua tão aguardada primeira transmissão na emissora de Silvio Santos.

Em resumo, Cleber Machado foi o mesmo de sempre, não demonstrando grandes diferenças em seu estilo de narrar, tal como tinha feito nas estreias anteriores. Quando fez o primeiro jogo das finais do Campeonato Paulista pela Record, em abril, aqui na coluna analisamos que o narrador se mostrou muito à vontade no canal de Edir Macedo após três décadas e meia de Globo. O mesmo pode ser dito agora.

A narração de Cleber praticamente não muda. Quem acompanhou a Copa do Brasil no Prime também já reparou que mesmo em outra plataforma fora da TV aberta, no caso o streaming, o jogo é sempre no mesmo estilo. Vieram as brincadeiras descontraídas de sempre, e o narrador demonstrou entrosamento sobretudo com o comentarista Mauro Beting, com quem já trabalhou nos anos 1990 em algumas transmissões ao vivo no sportv, nos primórdios dos canais pagos da então Globosat.

Diferentemente do que aconteceu no Paulistão, quando Cleber Machado chegou a uma emissora que só transmitia futebol naquele ponto do ano e tinha uma equipe diferente da apresentada na edição anterior (Marco de Vargas foi a voz em 2022, por exemplo, e acabou substituído por Lucas Pereira em 2023), agora a missão é acrescentar sua experiência e estilo a um time que vem "jogando junto" há algum tempo. Desde 2020, Téo José fazia as principais transmissões do SBT.

Os estilos são inegavelmente diferentes e não cabe juízo de valor sobre quem é melhor, isso é uma opinião individual, uma escolha pessoal. O fato é que cada narrador traz uma "marca" distinta à transmissão.

Cleber Machado dá uma "cara" de Globo a qualquer jogo que narra, já que não se apagam 35 anos da noite para o dia. Era mais ou menos a sensação que tínhamos ao ver Ana Paula Padrão apresentando telejornais no SBT e na Record entre 2005 e 2013, mantendo nesses anos uma "cara" da emissora líder.

Téo José é a "cara" do SBT, tendo história na emissora com transmissões da Fórmula Indy/Mundial nos anos 1990, jogos de futebol, e sendo a voz da retomada nacional do futebol há três anos. Provavelmente as afiliadas do SBT sentiram falta das menções atenciosas que ele sempre faz em suas narrações, especialmente em um jogo entre dois times brasileiros de duas regiões diferentes.

Cleber, por sua vez, brincou mais com a própria grade da rede, se referindo às novelas da tarde da emissora quando o VAR demorou demais para tomar algumas decisões. Citou o "Passa ou Repassa", quadro apresentado por Celso Portiolli no "Domingo Legal".

Falou de sua participação recente no "Gol Show", do "Programa do Ratinho", para chamar a atração seguinte. Abriu os trabalhos citando Silvio Santos ao dizer que hoje não era domingo, mas era "dia de alegria". Foi bem na "venda" da programação do SBT. O empate em 1 a 1 em campo abre agora uma oportunidade para uma partida ainda mais emocionante, talvez com pênaltis, no jogo da volta, na próxima terça-feira (3) às 21h30 (horário de Brasília).

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No balanço final, o jogo de hoje foi a comprovação do que já era a análise desta coluna quando Cleber Machado foi anunciado pelo SBT no começo do mês: a emissora de Silvio Santos está muito bem servida, pronta para um projeto de médio a longo prazo no futebol, e com uma equipe competente. Mas seria bom trazer mais eventos para rodar bem os jogos entre Cleber, Téo e Luiz Alano.

O que o SBT pode melhorar

Um problema da transmissão de hoje foi o "delay" (atraso) na comunicação da equipe de transmissão com a reportagem de campo na Neo Química Arena. Cleber Machado, Mauro Beting, Nadine Basttos e Emerson Sheik estavam nos estúdios do SBT.

Esse atraso provocava desencontros em alguns momentos. Para o telespectador que só quer ver o jogo e não entende de questões técnicas de TV, parecia muitas vezes que os repórteres atropelavam a equipe de narração, ou que demoravam demais a atender quando chamados.

O SBT também poderia reconsiderar a retirada da trilha sonora de gols que aparecia em suas transmissões nos tempos da Libertadores entre 2020 e 2022. Cleber Machado narrou sempre na TV Globo com hinos dos clubes na sequência dos gritos de "gol", e mesmo após o fim dessa prática, a partir de 2020, ainda tinha uma música que a emissora carioca adotou para tocar e usa até hoje.

A Record na final do Paulistão também tinha sua trilha mais clássica. O estilo de narrar gols de Cleber tem uma deixa que poderia ser completada com música, pois é o mesmo jeito de fazer até hoje.

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Vale uma menção também ao fato de que o SBT segue fazendo jogos nos estúdios mesmo com esse grau de importância, valendo vaga em final continental. Transmissões diretamente dos estádios tendem a parecer mais emocionantes e aproximar mais o telespectador do que está acontecendo em campo.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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