Allan Simon

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Como a Globo tentou manter a emoção com Flu perdendo logo cedo para o City

A goleada que consagrou o Manchester City com o título do Mundial de Clubes da Fifa, hoje, ao vencer o Fluminense por 4 a 0, representou um desafio para o que toda TV precisa fazer quando transmite um evento importante de futebol com um time brasileiro envolvido: manter a emoção em alta e o clima de expectativa pelo resultado. Foi o que a Globo viveu hoje.

Se até houve uma expectativa de véspera pelo confronto entre os técnicos Fernando Diniz e Guardiola, ou uma dúvida sobre o que o "dinizismo" seria capaz de fazer diante de um dos mais fortes representes europeus no Mundial, o baque veio muito rápido quando o City abriu o placar com menos de 50 segundos de jogo.

A equipe de transmissão, formada pelo narrador Luis Roberto e pelos comentaristas Roger Flores e Júnior, passou a ter uma missão ainda mais complicada: animar um jogo que já era difícil antes de começar para o Fluminense, e passou a parecer impossível quando a defesa foi vazada tão cedo.

Mesmo assim, com o City na frente e o 1 a 0 no placar, a equipe da TV Globo ainda tentou manter o clima de decisão e expectativa. Luis Roberto exaltou muito uma jogada na qual o Fluminense conseguiu manter a posse de bola consecutivamente durante pouco mais de dois minutos.

O estilo de jogo de Diniz, com a saída de bola na defesa com toque de pé em pé, a coragem de manter esse padrão mesmo diante de um adversário tão mais forte, tudo isso passou a ser usado como ferramenta para dar emoção ao jogo.

Após o segundo gol do Manchester City, porém, o clima da transmissão já mudou consideravelmente. Temas como a diferença financeira entre os times europeus e sul-americanos, a exaltação ao comportamento da torcida do Fluminense no estádio, e a maratona do calendário brasileiro apareceram com mais força.

O comentarista Júnior, por exemplo, citou que o Fluminense fazia seu 72º jogo na temporada, citando como algo que "na Europa não existe".

Alguns lances até ajudavam a levantar um pouco o clima, como quando o Fluminense teve a chance de diminuir a vantagem do City em cobrança de escanteio que terminou em uma grande defesa do goleiro Ederson após cabeçada e impedimento no rebote, por volta dos 40 minutos do primeiro tempo.

Mesmo os momentos nos quais o time inglês atacava, a forma como o Fluminense se defendia também era exaltada por Luis Roberto, que conseguiu crescer o tom na narração em uma defesa do goleiro Fábio dois minutos depois da chance que o Tricolor teve no escanteio.

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Logo no começo do segundo tempo, isso voltou a acontecer quando Fábio salvou novamente o time brasileiro. Mesmo assim, o narrador acrescentou que o Manchester City chegava com muita facilidade.

A entrada de John Kennedy, herói do título da Libertadores e autor de um gol também na semifinal do Mundial, foi mais um elemento que auxiliou a transmissão da Globo a tentar "levantar a bola" do duelo, que claramente já estava definido mesmo tendo um tempo inteiro pela frente.

Com cerca de 10 minutos do segundo tempo, já parecia cada vez mais impossível a missão. O tom dos comentários já era bem mais ameno. Roger e Júnior tentavam encontrar soluções para as mexidas que Fernando Diniz poderia fazer no time.

Essa situação só mudou quando John Kennedy passou a liderar algumas jogadas e criar oportunidades para o Fluminense. Na prática era claro que não significava uma reação, mas servia para animar a transmissão.

Durou pouco. Quando Phil Foden fez o terceiro do City, aos 26 do segundo tempo, virou velório de vez. Com um placar tão elástico, o jeito foi aguardar o tempo passar para consagrar oficialmente o time de Guardiola como campeão mundial de clubes.

"O resultado é o reflexo da diferença do City e do futebol europeu para o futebol sul-americano", disse Roger, que chamou o placar de "resultado natural que poderia acontecer", ressaltando que "não abala em nada" o trabalho feito pelo Fluminense ao longo da temporada que foi marcada pelo título inédito da Libertadores.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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