Allan Simon

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ReportagemEsporte

YouTube quer bombar Olimpíadas com transmissão multiview e influenciadores

Os Jogos Olímpicos de Paris-2024 terão mudança importante nas transmissões para o Brasil. Se até a última edição, em Tóquio, realizada há três anos, eram os canais lineares de TV aberta e paga que dominavam a cobertura ao vivo das Olimpíadas, agora o streaming ganha uma projeção maior. O YouTube é a plataforma que mais deve receber fãs de esportes em seus conteúdos e lives durante o evento.

A CazéTV, canal operado pela LiveMode em parceria com o streamer Casimiro Miguel, terá 500 horas de transmissões ao vivo nos Jogos Olímpicos. Esse conteúdo estará disponível principalmente no YouTube, mas também em serviços como Samsung TV Plus, Amazon Prime Video, Mercado Play e Twitch. Mas é na plataforma de vídeos da Google que o canal tem conseguido seus melhores resultados.

A coluna conversou com exclusividade com o CEO do YouTube, Neal Mohan, para falar sobre as expectativas e investimentos do YouTube na cobertura olímpica em 2024 para o mercado brasileiro. A plataforma tem a parceria com a CazéTV como ponto central para as transmissões, e também atuará com a Play9 na criação de conteúdos com influenciadores que estarão em Paris durante os Jogos.

"Estou extremamente empolgado com isso. Quando eu era criança e era um grande fã de esportes, eu ligava a televisão e havia um ou dois jogos por semana. Eu os assistia e isso era tudo. Acho que a expectativa dos fãs de esportes hoje no Brasil e em todo o mundo, especialmente dos mais jovens, mudou drasticamente, e agora eles esperam que o conteúdo esportivo esteja disponível 24 horas por dia, ste dias por semana, em todos os dispositivos. Seja jogos ao vivo, clipes, melhores momentos. Eles também esperam consumir o conteúdo de vários ângulos, muitas vezes através da lente de nossos criadores", disse Mohan.

Imagem ilustrativa de como funciona o recurso multiview nas transmissões do YouTube
Imagem ilustrativa de como funciona o recurso multiview nas transmissões do YouTube Imagem: Reprodução/YouTube

Tecnologia multiview

O principal destaque o YouTube vai apresentar nesses Jogos Olímpicos, por meio da CazéTV, é a tecnologia multiview, que possibilitará aos usuários acompanhar mais de um evento ao mesmo tempo na tela. Esse recurso está disponível em desktops e TVs conectadas (smart TVs).

"O multiview é algo em que investimos há muito tempo. Lançamos há cerca de um ano e meio, tivemos muito em torno do basquete nos EUA, trouxemos isso para o NFL Sunday Ticket, e agora estou muito empolgado, é quase como se as Olimpíadas fossem feitas para o multiview, porque, como fã, agora posso ligar o YouTube na minha tela de televisão e terei várias opções para consumir esse conteúdo ao vivo em parceria com a CazéTV. Então, posso estar assistindo a quatro competições ao mesmo tempo com o multiview, e tenho várias escolhas das várias combinações de jogos que poderei assistir, e estou muito animado com a experiência", explicou o CEO do YouTube.

Sócio co-fundador da LiveMode, o empresário Sergio Lopes diz que o recurso vai contribuir com as transmissões da CazéTV. "O Multiview está super alinhado com os nossos objetivos e não poderíamos estar mais satisfeitos. Essa tecnologia permite que a pessoa assista ao mesmo tempo inúmeras transmissões de competições ao vivo e isso potencializa nossas intenções de abrir tantas lives quantas forem necessárias e também de dar direito de escolha para o fã do esporte", afirmou.

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Neal Mohan, CEO do YouTube
Neal Mohan, CEO do YouTube Imagem: Divulgação/YouTube

Perfil de audiência

A expectativa ao ter o conteúdo ao vivo com a CazéTV, que fala com um público naturalmente mais jovem que o da TV convencional, é agregar um público diferente à audiência das Olimpíadas no Brasil. Mohan cita o Paulistão como um caso que o YouTube considera como exemplo de sucesso nesse tipo de expansão de públicos.

"Falamos sobre a CazéTV, acho que esse é um dos exemplos mais incríveis de todo o mundo. Transmitimos ao vivo o Paulistão no Brasil por muitos anos, e trazer a CazéTV e fazer parceria com eles em termos dessas transmissões ao vivo acho que traz uma perspectiva nova e ainda mais jovem ao jogo, a maneira como você assiste com os comentários, mas também traz um novo público", afirmou o chefe do YouTube.

Sérgio Lopes, da LiveMode, foi pelo mesmo caminho. "A CazéTV se conecta com um publico muito complementar ao público da TV. Nosso publico é jovem, na maioria com menos de 35 anos, e que busca o digital primeiro para entretenimento. Inclusive, nos eventos que já transmitimos, como as Copas do Mundo 2022 e (Feminina) 2023 e a UEFA Euro, nós trouxemos um publico novo para o esporte. Esse é e será nosso objetivo nas Olimpíadas: trazer a emoção e conexão com o esporte, com a linguagem informal e direta que o Casimiro representa", disse.

Nessa missão de expansão, a plataforma também conta com o projeto "Paris é Brasa", organizado pela Play9 em parceria com o COB (Comitê Olímpico do Brasil). A empresa terá nomes conhecidos do público mais tradicional da TV, como Fátima Bernardes e Tino Marcos, mas também rostos que conversam com a geração mais nova que habita as redes sociais, como o Podpah, influenciadores como Valentina Bandeira, Matheus Costa, e criadoras de conteúdo como Alê Xavier e Luana Maluf, do canal 'Passa Bola'.

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João Pedro Paes Leme, sócio da Play9
João Pedro Paes Leme, sócio da Play9 Imagem: divulgação/Play9

A coluna também conversou com João Pedro Paes Leme, CEO e sócio-fundador da Play9, que explicou a ideia por trás desse projeto.

"Quando você pensa em uma espécie de teia, essa rede que junta audiências em plataformas diferentes, principalmente o YouTube, mas em outras plataformas que são complementares, como Instagram e TikTok, você também precisa ter uma complementaridade de verticais de conteúdo. A nossa ideia era fazer uma espécie de multiplataforma, multitalentos, multiformatos e multigerações. Era tudo 'multi'. Quando você olha essa questão de trazer ícones que são dos meios mais tradicionais, como Tino, a Fátima e o Clayton Conservani, e juntar com os 'nativos digitais', alguns que já são icônicos hoje, como Podpah, que tem uma 'faixa tradicional', que já traz uma audiência cativa, quando a gente viu tudo isso, a gente falou 'é o momento certo de você fazer uma ousadia que pode, sim, juntar Fátima com Podpah, o Tino Marcos com a Valentina Bandeira, o Matheus Costa com o Clayton Conservani, e fazer disso tudo o que a gente achava que eram os pilares de sustentação do próprio projeto: informação, diversão e emoção. E esses caras trazem isso, cada um a sua maneira", disse João Pedro Paes Leme.

Neal Mohan comparou essa diversidade de estilos a uma sensação de familiaridade com a qual o jovem convive ao consumir o produto gerado a partir de um grande evento.

"Um dos formatos que se tornou muito popular no Brasil, mas em todo o mundo, são os watch-alongs. Isso é você, o conteúdo esportivo sendo consumido como se você estivesse sentado no sofá da sala de estar com seus criadores favoritos. Você vê as reações deles a um gol ou a um bloqueio ou o que quer que seja ao vivo enquanto o jogo está acontecendo", disse o CEO do YouTube.

"Existem múltiplos exemplos no campo esportivo de como a criatividade de outras partes do nosso ecossistema entra nos esportes e vice-versa. Na verdade, muitos dos criadores que teremos em Paris não são criadores propriamente esportivos. Eles são de outros segmentos, como o Enaldinho, que tem um canal enorme no Brasil. Ele vai trazer seu estilo para o conteúdo esportivo, aquele tipo de comédia, edição rápida, e estou muito empolgado com tudo isso à medida que se desenrola nas próximas três semanas", completou Mohan.

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Sérgio Lopes, da LiveMode, ressalta que a CazéTV também apostou na diversidade de estilos dos nomes que estarão no canal durante as Olimpíadas, contando com esportistas, como Pedro Scooby, Serginho, Laís Souza e Flávio Canto, como comentaristas nos estúdios, e personalidades como Diogo Defante em Paris, onde a cobertura será ancorada pela jornalista Fernanda Gentil. O executivo exaltou também as várias vertentes de produção de conteúdo que estarão presentes na mídia brasileira durante as Olimpíadas.

"Nós acreditamos que quanto mais conversa em torno de um tema em que nós participamos, melhor. Então, temos certeza de que o público do YouTube vai ter inúmeras oportunidades de mergulhar no universo olímpico de várias maneiras, fazendo escolhas individuais ou conciliando várias experiências. Para o esporte olímpico essa pluralidade e complementaridade é também fundamental. É ótimo ter múltiplos players trazendo conteúdo olímpico, inclusive o Grupo Globo, que faz isso há muito tempo e tem uma experiência incrível em mostrar transmissões esportivas no Brasil. Todos juntos contribuem para aumentar a conversa em torno dos Jogos Olímpicos", afirmou.

Streaming no cenário atual

Todo esse projeto tem como pano de fundo o crescimento recente da audiência na produção de conteúdo e transmissões esportivas por streaming no Brasil e no mundo. O YouTube afirma que no ano passado foram consumidas 35 bilhões de horas de conteúdos esportivos em diversos formatos, como transmissões, vídeos longos, Shorts, entre outros.

"As visualizações de conteúdo esportivo cresceram 45% na comparação ano a ano. A tela da sala de estar, que é perfeita para assistir esportes, é a nossa superfície de crescimento mais rápido. Estou muito otimista sobre o futuro do conteúdo esportivo e da inovação de produtos no YouTube no futuro, e acho que isso será ótimo para os fãs de esportes como eu, mas também será ótimo para nossos criadores e para nossos parceiros de mídia como a CazéTV e todos os nossos parceiros de mídia no Brasil", disse Mohan.

Recentemente, a CazéTV alcançou 31 milhões de dispositivos únicos no YouTube com a transmissão da Eurocopa. O canal teve 25 jogos exclusivos e exibiu a final em compartilhamento de direitos com os canais da Globo (TV Globo e sportv). Na mesma competição, um jogo de Portugal alcançou pico de 6,8 milhões de aparelhos conectados simultaneamente, um recorde em partidas sem a seleção brasileira na plataforma, perdendo apenas para Brasil x Croácia, pelas quartas de final da Copa do Mundo de 2022.

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"Uma das coisas que me empolgam, e você sabe disso melhor do que eu, é que realmente acho que os fãs brasileiros são consumidores incrivelmente sofisticados de conteúdo esportivo. Houve uma pesquisa, e 80% dos fãs brasileiros disseram que o YouTube estava reinventando a experiência esportiva, e isso me diz que a expectativa é muito alta e eles realmente gostam dessa reinvenção dos esportes. Todas essas coisas que mencionamos em termos de participação dos criadores, novos formatos, inovação de produtos, acho que são promissoras. 75 milhões de pessoas no Brasil assistem ao YouTube em suas telas de televisão, então a combinação de todas essas coisas acho que é promissora para o futuro dos esportes, e os fãs de esportes e espectadores no YouTube estão mostrando isso através de suas ações", afirmou o CEO do YouTube.

Depois de uma primeira experiência com um evento poliesportivo nas transmissões dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, que gerou críticas iniciais e mudanças ao longo das competições no ano passado, a CazéTV se vê mais preparada para a missão de entregar as Olimpíadas ao público.

"Os Jogos Pan-Americanos foram muito importantes para a nossa preparação. Foram inúmeros aprendizados que nos ajudaram a estruturar a equipe para os Jogos Olímpicos. Para Paris, temos uma equipe maior e mais experiente em competições olímpicas e fomos profundos nas escolhas de quem estará conosco nas transmissões. Teremos especialistas e ex-atletas para podermos dar profundidade ao esporte, mas sempre buscando manter nossa linguagem jovem e informal. Além disso, os Jogos Olimpicos requerem agilidade dados as múltiplas disputas simultâneas. Nossa capacidade de adaptação junto a um planejamento bem estável também serão grandes ativos para esse período tão intenso e especial", afirmou Sérgio Lopes.

Futuro dos direitos de transmissão no YouTube

Neal Mohan não quis falar diretamente sobre futuros movimentos do YouTube no mercado de direitos de transmissão de esportes no Brasil. A plataforma já comprou eventos diretamente, como o Paulistão, que é transmitido desde 2022, e também já hospedou como parceira as transmissões de detentores de direitos, como são os casos da CazéTV, do canal GOAT e foi no ano passado o jogo da seleção brasileira contra Marrocos exibido pelo Canal GB, de Galvão Bueno, produzido pela Play9.

"Não tenho nada específico para dizer sobre isso agora, estou muito focado em garantir que entreguemos uma experiência de classe mundial para os fãs de esportes brasileiros durante as Olimpíadas. Este é um acordo único que temos com a CazéTV, o COI e o IPC, e estou muito empolgado com a forma como isso vai se desenrolar tanto através da inovação de produtos, como o multiview, quanto por meio de todos esses programas de criadores e o acesso dos criadores. Acho que isso vai dar uma perspectiva nunca vista antes aos fãs de esportes em todo o Brasil durante esses Jogos que se aproximam", disse Mohan.

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Os Jogos Olímpicos de Paris-2024 já têm eventos acontecendo a partir de hoje, e começam oficialmente na próxima sexta-feira (26) com a cerimônia de abertura. As Olimpíadas vão até o dia 11 de agosto.

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